“Desapontada”, Câmara de Comércio Americana pede prolongamento das parcerias com universidades por um ano
Associação empresarial pede que próximo Governo redefina "o modelo mais adequado", com base "numa avaliação objetiva e transparente da execução e dos resultados alcançados por estas parcerias".
A Câmara de Comércio Americana em Portugal (AmCham Portugal) está preocupada com um eventual fim das parcerias da Fundação Ciência e Tecnologia (FCT) com três universidades dos EUA, após a cessação dos respetivos contratos no final de dezembro. Por isso, pede que as parcerias ainda em vigor sejam prolongadas por um ano, para que o próximo Governo decida o “modelo mais adequado”.
“Foi, de facto, com alguma surpresa e grande desapontamento que a AmCham Portugal e os seus associados tomaram conhecimento das recentes notícias que apontam para a cessação, sem renovação perspetivada, das parcerias internacionais com algumas das mais prestigiadas universidades norte-americanas”, lê-se num comunicado divulgado esta quarta-feira.
A “surpresa” da associação empresarial decorre do alegado cancelamento dos contratos de Parcerias Internacionais da FCT com três universidades norte-americanas: Carnegie Mellon University, MIT e University of Texas at Austin. A decisão da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, revelada pelo semanário Expresso na passada sexta-feira, foi tomada depois de o Presidente da República aceitar a demissão do Governo e marcar eleições antecipadas.
No domingo, o ECO noticiou que a decisão de Elvira Fortunato contrariava um parecer encomendado pelo Conselho Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação (CNTI) a um grupo de personalidades independentes, como Maria Manuel Mota, Isabel Furtado e João Barros. Horas depois, o ministério tutelado por Elvira Fortunato recuou e negou que fosse intenção do Governo acabar com as parcerias internacionais, garantindo que o Ministério não cancelou nenhuma parceria — os contratos que existiam é que terminam no fim do ano, pelo que o Governo evitou a renovação automática até 2030, iniciando “um processo de renegociação para um novo contrato”.
Para a AmCham Portugal, a “forte contribuição” destas parcerias “não pode ser esquecida” e, nesse sentido, pede ao Executivo liderado por António Costa que proponha às instituições americanas em causa “uma dilação das parcerias ainda em vigor, pelo período de um ano”. Chegando ao fim de 2024, continua, o próximo Governo “poderá redefinir o modelo mais adequado, com base numa avaliação (análise custo-benefício) objetiva e transparente da execução e dos resultados alcançados por estas parcerias”.
A associação empresarial destaca a contribuição destas parcerias para as “profundas evoluções” que os ecossistemas académico, científico e empresarial de base industrial e tecnológica experienciaram durante as últimas décadas. “Em particular, desenvolveram significativamente as suas capacidades de interação e cooperação em prol do desenvolvimento de Portugal, de uma maior competitividade económica e de uma maior capacidade de afirmação nos mercados globais com produtos e serviços de grande valor acrescentado”, realça.
Mesmo reconhecendo a necessidade de “melhorar” as parcerias, a AmCham sublinha que “importa fundamentalmente não descontinuar um processo considerado como uma pedra basilar para a inovação e empreendedorismo de base tecnológica e para uma academia ao serviço a sociedade, por todos aqueles que ao longo do tempo nele se quiseram envolver”.
As parcerias com universidades norte-americanas como o MIT, a Carnegie Mellon University ou a University of Texas at Austin decorrem desde 2006, por iniciativa do então ministro da Ciência, Mariano Gago, tendo como objetivo promover a internacionalização da ciência e tecnologia nacionais. Desde então, têm sido renovadas de cinco em cinco anos.
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