Quebra das exportações faz economia cair 0,2% no terceiro trimestre. Só não foi pior graças à procura interna

Contração da economia só não foi pior graças à procura interna. Contributo passou de negativo a positivo no terceiro trimestre, com crescimentos tanto do consumo privado como do investimento.

A economia portuguesa sofreu uma contração de 0,2% no terceiro trimestre devido ao encolhimento das exportações de bens, confirmou o Instituto nacional de Estatística esta quinta-feira. Face há um ano, o PIB cresceu 1,9%, um abrandamento em relação à progressão homóloga de 2,6% — valor que tinha sido revisto em alta no final de outubro.

“O Produto Interno Bruto (PIB), em volume, registou uma variação homóloga de 1,9% no terceiro trimestre de 2023, após ter aumentado 2,6% no trimestre anterior”, confirma o INE. “O contributo positivo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB diminuiu significativamente no terceiro trimestre, passando de 1,7 pontos percentuais (p.p.) no trimestre anterior para 0,2 p.p., observando-se uma acentuada desaceleração das exportações de bens e serviços em volume, com a componente de bens a registar um decréscimo”, detalha o instituto de estatística.

No terceiro trimestre, “o deflator das exportações registou uma taxa de variação homóloga negativa, após crescimentos desde o primeiro trimestre de 2021, enquanto o deflator das importações diminuiu de forma mais intensa que o verificado no segundo trimestre, determinando um ganho dos termos de troca próximo do observado no trimestre anterior”, explica o INE.

Nesta atualização dos dados avança que as importações de bens e serviços registaram “uma ligeira diminuição em termos homólogos”, mas na componente de bens também houve uma contração tal como aconteceu ao nível das exportações. Um sinal de abrandamento da atividade económica, já que muitas empresas usam materiais na produção.

Os economistas ouvidos pelo ECO já antecipavam uma quebra das exportações que, no caso dos bens, terá sido agravado pela paragem da Autoeuropa, e nos serviços por uma desaceleração do turismo.

O desempenho da economia só não foi pior graças ao contributo positivo da procura interna. Para a variação o crescimento homólogo de 1,9%, o contributo da da procura interna “aumentou, passando de 0,9 p.p. no segundo trimestre de 2023, para 1,7 p.p.”. O investimento desempenhou um papel importante uma vez que registou um crescimento (4,5%), após a diminuição homóloga do trimestre anterior (-06%), enquanto o consumo privado abrandou — 0,9% no terceiro trimestre após os 1,3% no trimestre anterior.

O maior crescimento foi mesmo ao nível da Formação Bruta em Capital Fixo em equipamento de transporte que acelerou de 10,6% no segundo trimestre para uma variação homóloga de 26%. Em segundo lugar surge a construção, que cresceu 3% no terceiro trimestre face ao período homólogo (1,5% no trimestre anterior) e que pode parcialmente ser explicado com os investimentos feitos ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

No entanto, em termos de contributo para o desempenho do PIB a nível trimestral a economia passou de um crescimento de 0,1% no segundo trimestre para uma contração de 0,2% — este passou de negativo a positivo no terceiro trimestre (de -0,4 p.p. para +1 p.p.), já que houve um crescimentos tanto do consumo privado como do investimento, após as variações em cadeia negativas registadas no trimestre anterior.

Tal como em termos homólogos, em cadeia, o maior crescimento foi do investimento em equipamento de transporte, que acelerou 17,5%, depois de uma contração de 14,7% no trimestre anterior. Mas a construção teve uma variação nula, após um crescimento de 0,8% no trimestre anterior.

Os dados do INE revelam ainda que as despesas de consumo final das famílias abrandaram — o crescimento homólogo de 1,3% no segundo trimestre abrandou para 0,9% no seguinte — sobretudo ao nível dos bens duradouros (de 9,4% no segundo trimestre para 3,3%). Mas ao nível dos bens não duradouros houve uma ligeira aceleração (0,2 pontos percentuais para os 0,6% no terceiro trimestre), sendo que ao nível dos bens alimentares a subida foi de 0,4 p.p. para os 2%.

Na evolução em cadeia, o consumo final das famílias até aumentou, passando de uma contração (-0,5%) para um crescimento de 0,5%. Mas na comparação com o trimestre anterior houve uma diminuição de 3,6% da componente de bens duradouros (tinha registado uma variação positiva de 0,9% no segundo trimestre) e um crescimento de 1% da componente de bens não duradouros e serviços (-0,7% no trimestre precedente).

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