Afinal, quanto vai custar a vitória de Portugal na Eurovisão?
30 milhões. É esta a média que tem sido investida pelos países que, nos últimos anos, organizaram o festival de música. Quanto ganham? Nunca tanto quanto gastam.
Salvador Sobral partiu para Kiev como favorito e não desiludiu. No dia 13 de maio de 2017, deu a Portugal a primeira vitória na Eurovisão, com a maior pontuação alguma vez arrecadada por um país no festival de música. Agora, o festival ruma ao país vencedor e resta fazer contas para organizar a edição de 2018.
A maioria dos custos ficará a cargo da RTP, que ainda está a estudar o dossiê para a organização do festival e, por isso, não definiu o valor que terá de investir, até porque também ainda não foi escolhida a cidade que vai acolher a Eurovisão. Mas Gonçalo Reis, presidente da televisão pública, já fez saber que a próxima edição da Eurovisão vai ser feita “sem excessos”. Quão comedida poderá ser a festa?
Os números das últimas edições revelam gastos na ordem das dezenas de milhões. Recuperando as últimas seis edições, e segundo dados recolhidos por economistas do Royal Bank of Scotland (RBS), a Suécia foi não só o país que gastou menos, como o único que conseguiu arrecadar mais-valias do festival. Em 2016, o festival, que se realizou em Estocolmo, custou 14 milhões de euros; já os 38 mil turistas que visitaram a cidade sueca terão deixado 27 milhões de euros. Já em Malmo, em 2013, os custos foram de 20 milhões e os turistas gastaram 37,2 milhões.
No espetro oposto está o Azerbaijão. Quando a Eurovisão decorreu em Baku, a organização construiu um recinto de propósito para o evento e, ao todo, terá investido 56,5 milhões de euros, não se conhecendo valores para as receitas arrecadadas com os turistas.
Já na edição deste ano, não há ainda números oficiais, mas as estimativas apontam para que a organização tenha custado 30 milhões, enquanto as receitas turísticas terão ascendido a 20 milhões.
Feitas as contas, as últimas seis edições da Eurovisão custaram, em média, 32 milhões de euros ao país organizador. Se for este o valor investido pela RTP, vai pesar nas contas da estação pública. 32 milhões equivalem a 13,5% do montante que o Orçamento do Estado para 2017 reservou para a RTP, no valor de 235,8 milhões de euros.
Quanto ganha, então, o país organizador? Quase nunca tanto quanto gasta. Nos últimos anos, o festival levou ao país organizador uma média de 34 mil visitantes, que gastaram, em média, 25 milhões de euros. Ao mesmo tempo, o evento cria emprego. O RBS contabilizou os postos de trabalho a tempo inteiro que resultaram da organização do festival e nota que o país que mais gastou foi também o que criou mais emprego: em 2012, o Azerbaijão empregou 529 pessoas para organizar o festival.
Por outro lado, há alguns fatores que podem baixar a fatura. Desde logo, Portugal não deverá ter de construir um pavilhão de raiz para o evento, como aconteceu noutros países, já que, como lembra Gonçalo Reis, o país já tem “infraestruturas excelentes”.
Há ainda que contar com os patrocínios. “Têm chovido manifestações de interesse” por parte de “grandes marcas nacionais”, que já manifestaram disponibilidade para patrocinar o evento, adiantou o presidente da RTP. Este ano, o festival contou com patrocinadores como a Visa, a Jacobs ou a OSRAM.
Resta saber qual será a autarquia que ajudará a arcar com os custos. Lisboa está, para já, bem posicionada, depois de a própria organização do festival ter sugerido o Meo Arena para a realização do evento. O Porto, por seu lado, já se demarcou. Se for a cidade a pagar, Rui Moreira é claro: “dispenso”.
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