Abrandamento da inflação leva BCE a manter taxas de juro inalteradas

O Banco Central Europeu seguiu as pisadas da Fed e do Banco de Inglaterra e decidiu não mexer nas taxas de juro diretoras pela segunda vez, após dez subidas consecutivas.

O Banco Central Europeu (BCE) manteve inalteradas as taxas diretoras pela segunda vez consecutiva, após dez subidas consecutivas num valor global de 450 pontos base desde julho de 2022, e depois de tanto a Reserva Federal norte-americana (Fed) como o Banco de Inglaterra não terem mexido nas suas taxas de juro.

Com esta decisão, a taxa da facilidade permanente de depósito mantém-se nos 4%, a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez nos 4,75% e a taxa das operações principais de refinanciamento mantém-se nos 4,5%.

A sustentar a decisão do BCE está o forte abrandamento da inflação da Zona Euro, que só nos últimos meses caiu para metade. Os últimos dados do Eurostat apontam para uma taxa de inflação homóloga de 2,4% em novembro, o nível mais baixo desde julho de 2021.

No entanto, o BCE alerta para que “embora a inflação tenha descido nos últimos meses, é provável que volte a subir temporariamente no curto prazo”, não deixando de referir que, segundo “as projeções macroeconómicas mais recentes para a área do euro elaboradas por especialistas do Eurosistema, a inflação deverá descer gradualmente durante o próximo ano, aproximando‑se depois do objetivo, estabelecido pelo Conselho do BCE, de 2% em 2025.”

“O Conselho do BCE está determinado a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%. Com base na sua atual avaliação, o Conselho do BCE considera que as taxas de juro diretoras do BCE estão em níveis que, se forem mantidos por um período suficientemente longo, darão um contributo substancial para esse fim“, lê-se no comunicado do banco central.

Apesar de um aperto no curto prazo, o BCE antecipa que a economia do espaço do euro deverá recuperar, “devido à subida dos rendimentos reais – com as pessoas a beneficiarem da descida da inflação e do aumento dos salários – e à melhoria da procura externa.”

Apesar de também a inflação subjacente ter novamente abrandado, o Conselho do BCE revela que “as pressões internas sobre os preços permanecem elevadas, devido sobretudo ao forte crescimento dos custos unitários do trabalho.”

A instituição liderada por Christine Lagarde considera também que os anteriores dez aumentos das taxas de juro continuam a ser “transmitidos de forma vigorosa à economia”, salientando que “as condições de financiamento mais restritivas estão a refrear a procura, o que está a ajudar a reduzir a inflação.”

Apesar de um aperto no curto prazo, o BCE antecipa que a economia do espaço do euro deverá recuperar, “devido à subida dos rendimentos reais – com as pessoas a beneficiarem da descida da inflação e do aumento dos salários – e à melhoria da procura externa.”

O BCE destaca que os especialistas do Eurosistema projetam um aumento do crescimento médio da Zona Euro 0,6% em 2023 para 0,8% em 2024 e 1,5% em 2025 e 2026.

Além de manter inalteradas as taxas de juro, o Conselho do BCE também decidiu prosseguir com a normalização do seu balanço. “Durante o primeiro semestre de 2024, [o BCE] pretende continuar a reinvestir, na totalidade, os pagamentos de capital dos títulos vincendos adquiridos ao abrigo do programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (pandemic emergency purchase programme – PEPP).”

Para o segundo semestre do próximo ano, o Conselho do BCE revela que a instituição responsável pela política monetária da moeda única tenciona reduzir a carteira do PEPP, em média, em 7,5 mil milhões de euros por mês e descontinuar os reinvestimentos no âmbito do PEPP no final de 2024.

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