Conselho Europeu decide abrir negociações para a adesão da Ucrânia e da Moldova

  • Joana Abrantes Gomes
  • 14 Dezembro 2023

O anúncio foi feito pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. Só 26 Estados-membros aprovaram a abertura de negociações, com Orbán a sair da sala no momento da votação.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou esta quinta-feira que os líderes dos Estados-membros da União Europeia (UE) chegaram a acordo para iniciar as negociações formais para a adesão da Ucrânia e da Moldova ao bloco comunitário. Porém, a decisão não envolveu o primeiro-ministro da Hungria, que saiu da sala antes da votação.

Reunidos em cimeira europeia, a última deste ano, os responsáveis europeus concordaram também em conceder à Geórgia o estatuto de país candidato à UE, seguindo, assim, a recomendação da Comissão Europeia, que tinha sido feita em paralelo com a da abertura de negociações com a Moldova e a Ucrânia.

A recomendação de passar a Geórgia para o estatuto de candidato oficial à União Europeia surge cerca de um ano e meio depois de o país ter sido nomeado “candidato potencial”.

Além disso, os 27 acordaram a abertura de negociações com a Bósnia-Herzegovina “assim que for alcançado o grau necessário de cumprimento dos critérios de adesão”, escreveu Charles Michel, na rede social X (antigo Twitter), acrescentando que o Executivo comunitário foi convidado “a apresentar um relatório até março com vista a tomar tal decisão”.

Para Charles Michel, estas decisões são “um sinal claro de esperança” para as populações destes países, bem como para o continente europeu.

O acordo surge apesar de a Hungria se ter comprometido a bloquear esta decisão durante a reunião do Conselho, que decorre esta quinta e sexta-feira. Aliás, segundo avança a imprensa europeia, o primeiro-ministro húngaro saiu da sala antes do momento da votação.

Num vídeo publicado nas redes sociais após a reunião, Viktor Orbán reiterou a sua posição de que a Ucrânia não está preparada para iniciar as negociações de adesão à UE.

“A Hungria não vai mudar a sua posição”, disse Orbán, acrescentando que os outros 26 Estados-membros insistiram em dar o passo para a abertura de negociações com Kiev enquanto Budapeste se manteve afastada da decisão que considera “sem sentido, irracional e incorreta”.

Reagindo à posição húngara, o chefe de Governo português afirmou que Viktor Orbán saiu da sala no momento da votação por sugestão do chanceler alemão, Olaf Scholz, com a qual concordou.

Em declarações transmitidas pela RTP3, António Costa disse que os tratados preveem que possa haver unanimidade sem estarem todos os líderes dos Estados-membros na sala, assinalando que “a Hungria não queria bloquear a decisão, mas não se queria associar à decisão”.

“Depois da discussão, que foi longa, concluiu-se que, não querendo bloquear a decisão, mas também não se querendo associar, havia uma forma elegante de resolver, que era não estar na sala no momento da votação desse ponto”, sustentou o primeiro-ministro demissionário.

Os pormenores do acordo não foram imediatamente esclarecidos e não há confirmação sobre se as negociações terão início agora ou em março.

Presidentes da Moldova e da Ucrânia agradecem decisão do Conselho

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já reagiu à decisão do Conselho Europeu de avançar com as negociações de adesão à UE, descrevendo o dia como histórico para todos os que “lutam pela liberdade”.

“O Conselho Europeu decidiu iniciar as negociações com a Ucrânia e a Moldova, agradeço a todos os que trabalharam para que isto acontecesse e a todos os que ajudaram. Hoje felicito cada ucraniano”, escreveu Zelensky na rede social X (antigo Twitter), instantes depois de o presidente do Conselho, Charles Michel, anunciar a decisão.

Numa publicação na mesma rede social, a Presidente da Moldova, Maia Sandu, agradeceu a decisão dos líderes europeus de iniciar as negociações formais à adesão do seu país, sublinhando que sente “o abraço caloroso da Europa”.

A Moldova vira hoje uma nova página com o sinal verde da UE para as negociações de adesão. (…) Estamos empenhados no trabalho árduo necessário para nos tornarmos membros da UE. A Moldova está pronta para enfrentar o desafio”, escreveu.

Von der Leyen diz que abertura de negociações com Ucrânia e Moldova vai ficar na história da UE

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também saudou a abertura de negociações de adesão à União Europeia com a Ucrânia e a Moldova, considerando que é uma decisão estratégica que vai ficar na história do bloco comunitário.

“Os líderes [europeus] decidiram abrir negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldávia e conceder o estatuto de país candidato à Geórgia. [É] uma decisão estratégica e um dia que ficará gravado na história da nossa União”, declarou Von der Leyen, numa mensagem na sua conta na rede social X (antigo Twitter).

 

Também a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, reagiu à decisão tomada esta quinta-feira pelo Conselho Europeu, através de uma curta mensagem, em inglês e ucraniano.

“A Europa é Ucrânia, a Ucrânia é Europa”, escreveu igualmente no X, onde publicou um vídeo com frases que proferiu em favor da adesão ucraniana à UE desde 1 de março de 2022, uma semana após a invasão russa – fazendo o mesmo em relação à Moldova.

 

(Notícia atualizada pela última vez às 20h29 com declarações do primeiro-ministro, António Costa)

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