Centeno diz que BCE “não tem de esperar até maio” para tomar decisões
Governador do Banco de Portugal acredita que uma descida das taxas de juro acontecerá "mais cedo" do que se pensava até há pouco tempo.
O governador do Banco de Portugal considera que o Banco Central Europeu (BCE) “não tem de esperar até maio para tomar decisões” em relação às taxas de juro e acredita que um alívio na política monetária ocorrerá “mais cedo” do que se pensava até há pouco tempo.
Em entrevista ao site Econostream(acesso livre, conteúdo em inglês), publicada esta terça-feira, Mário Centeno disse que não consegue responder à “grande questão” de quando é que o BCE vai baixar os juros, porque as decisões são tomadas reunião a reunião e com base na informação disponível. Ainda assim, frisou que “os desenvolvimentos mais recentes sobre a inflação e economia claramente trouxeram o momento de alívio [dos juros] para mais perto”.
Centeno explicou que o BCE se encontra à espera, “no próximo trimestre”, da confirmação de que a inflação está no caminho da convergência para 2% no médio prazo e, embora diga que seja apropriado manter as taxas neste momento, o banco central irá “decidir quando cortar as taxas mais cedo do que pensava até recentemente”.
Questionado sobre se terá de esperar pelos dados sobre a evolução dos salários, que serão divulgados em maio, o governador do Banco de Portugal e membro do conselho de governadores do BCE referiu que não será preciso esperar tanto tempo para se tomar decisões.
E argumentou: “Não vejo sinais de que os efeitos de segunda ordem nos salários se tenham materializado ou irão materializar ou de que os salários estejam a colocar pressão adicional sobre os preços”.
“Os salários reais na Zona Euro continuam abaixo do período anterior à escalada da inflação. Ao contrário dos EUA, onde já recuperaram, isso não aconteceu na Zona Euro. É natural que os salários recuperem, na verdade, até é desejável que os salários recuperem brevemente. A subida dos salários reais é um processo natural. Devemos ter em ente que nesta recuperação o que é verdadeiramente importante são os ganhos de produtividade”, acrescentou.
Para Centeno, a variável a ter em atenção para a inflação “não são os salários, mas antes os custos unitários do trabalho”.
Depois de deixar as taxas de juro inalteradas na reunião de dezembro, o conselho de governadores do BCE volta a reunir-se no próximo dia 25 de janeiro. A taxa de inflação na Zona Euro subiu para 2,9% em dezembro, abaixo do que era esperado pelos analistas.
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