Exclusivo Mutualista Montepio quer captar valor recorde de 1,2 mil milhões em poupanças em 2024
Associação Mutualista Montepio tem meta para captar 1,2 mil milhões de euros em poupanças este ano, um valor recorde. Fechou 2023 com lucros de 13,2 milhões, após venda de edifício na baixa de Lisboa.
A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) tem como objetivo para este ano captar um valor recorde de quase 1,2 mil milhões de euros em poupanças, de acordo com o plano de atividades e orçamento para 2024 a que o ECO teve acesso.
Nos últimos dois anos, que foram os melhores em termos de captação de proveitos de associados, a maior associação mutualista do país conseguiu atrair cerca de 850 milhões de euros em poupanças anualmente, o que permite perceber a dimensão do esforço que terá pela frente este ano.
Para atingir esta meta, a instituição liderada por Virgílio Lima está a contar, em grande medida, que os seus mais de 600 mil associados decidam reaplicar o dinheiro das poupanças que vencerão ao longo do ano, na ordem dos 1,09 mil milhões de euros, em novas subscrições dos seus produtos mutualistas, sobretudo nas modalidades de capitalização.
Entre outros fatores, a AMMG espera ainda que as novas modalidades atuariais “deem também um contributo relevante” para cumprir o objetivo que assume “com prudência” no orçamento para 2024 e que prevê uma margem da atividade associativa – que corresponde à diferença entre poupanças captadas e reembolsos feitos junto dos associados – superior a 100 milhões de euros.
Proveitos e custos inerentes a associados desde 2015
Fonte: AMMG. 2023: Estimativa; 2024: Orçamento.
Isto acontece depois de um ano de 2023 em que a margem associativa foi negativa (-23,4 milhões de euros), com a mutualista a ser pressionada pela fuga de poupanças para os Certificados de Aforro e para o abate antecipado do crédito da casa, uma tendência que afetou a generalidade dos bancos portugueses especialmente na primeira metade do ano.
Apesar destas condicionantes, a AMMG fechou o ano passado com lucros individuais de 13,2 milhões de euros, que representa uma descida de 73% em relação a 2022. Para 2024 aponta para lucros de 21,7 milhões.
Venda de edifício na baixa de Lisboa impulsiona resultado
Para o resultado do ano passado contribuiu a venda da antiga sede da Montepio Comercial na baixa de Lisboa, um edifício que se encontrava devoluto, num negócio que terá gerado uma mais-valia de alguns milhões, segundo a informação transmitida por Virgílio Lima na assembleia de representantes que teve lugar no final do ano passado e que aprovou, de resto, o plano de atividades e orçamento para 2024.
O resultado de 2023 poderá sofrer ainda uma revisão em alta, que “decorrerá da evolução da atividade nos últimos meses do ano, que foi melhor do que o esperado”, assume a AMMG. “Por outro lado, há movimentos de reavaliação de ativos no final do ano que poderão libertar valores adicionais”, acrescenta a mesma fonte.
Um desses ativos poderá ser o banco, avaliado em 1.500 milhões de euros no balanço da mutualista (e sobre o qual já foram reconhecidas perdas por imparidade de 900 milhões).
Como o ECO revelou, havia a perspetiva de o Banco Montepio registar um lucro perto de zero em 2023, mas o resultado foi mais robusto do que Virgílio Lima chegou a antecipar, beneficiando da subida das taxas de juro. Haverá dividendos? Em termos recorrentes, isto é, sem o impacto negativo da venda do Finibanco Angola, fala-se mesmo em resultado histórico.
O mesmo se poderá dizer das seguradoras, cujo desempenho também ficou acima das expectativas.
Mais 40 milhões de DTA em 2024
Os últimos anos têm sido desafiantes para a AMMG, cujo balanço continua a ser suportado por mais de 900 milhões de euros de ativos por impostos diferidos (DTA), criados em 2017, ainda no tempo de Tomás Correia. Os críticos da anterior e atual gestão (Virgílio Lima pertencia à equipa de Tomás Correia) consideram que foi uma operação de “engenharia financeira” para esconder a situação líquida negativa da instituição, que chegou ao final do ano passado com capitais próprios positivos de cerca de 380 milhões, graças aos DTA.
O auditor tem questionado a avaliação desses DTA e também a valorização que a instituição faz do banco, mas ambos temas têm merecido a contestação de Virgílio Lima. A disputa ainda está longe de se resolver.
Para 2024, o plano de atividades e orçamento prevê um reforço dos DTA em cerca de 40 milhões, devendo atingir os 950 milhões de euros. Tal contribuirá para um aumento do ativo da AMMG no próximo ano e, consequentemente, para a melhoria da estrutura de liquidez, com o rácio de liquidez a recuperar para 2,7% após descer em 2023 e a cobertura das responsabilidades a reforçar-se para 113,4%.
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