Portugal paga mais de 3,2% para se financiar em 1.900 milhões através de Bilhetes do Tesouro
Dos três leilões de dívida de curto prazo realizados pelo IGCP, apenas a operação a 12 meses contou com uma yield abaixo do preço pago na última operação com características semelhantes.
Na primeira emissão de dívida de 2024, a República conseguiu financiar-se esta quarta-feira em 1.900 milhões de euros através da realização de três leilões de Bilhetes do Tesouro que contaram com uma procura acima da oferta.
Recorde-se que a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), liderada por Miguel Martín, tinha anunciado que estas operações tinham um montante previsto de colocação global entre 1.750 milhões e 2.000 milhões de euros.
No leilão a 12 meses, que resultou na emissão de 1.065 milhões de euros através do lançamento de uma nova linha, contou com uma procura 1,7 vezes acima da oferta e com uma yield de 3,279%, cerca de 0,254 pontos percentuais abaixo dos 3,533% que pagou a 19 de julho do ano passado, quando realizou o último leilão a 12 meses, para colocar no mercado 900 milhões de euros.
A taxa obtida nesta operação ficou também abaixo dos 3,686% que, pouco antes da realização do leilão, cotava o benchmark dos títulos de dívida a 12 meses da República no mercado secundário, de acordo com dados da Refinitiv.
Dos três leilões de dívida de curto prazo que o IGCP promoveu esta quarta-feira, a emissão a 12 meses foi a única que contou com um preço mais baixo face aquilo que a República pagou recentemente em operações semelhantes.
“Os prémios que Portugal está a pagar hoje são dos mais altos dos últimos anos, mas acabam por estar alinhados com as taxas de mercado secundário e restante dívida soberana europeia”, refere Filipe Silva, analista do Banco Carregosa, sublinhando que “o mercado tem expectativa de que possam existir cortes de taxas no segundo semestre deste ano, motivo pelo qual assistimos a uma taxa mais baixa no leilão de 12 meses.”
Na emissão a seis meses, realizada através da reabertura da linha com vencimento a 19 de julho de 2024, o Estado financiou-se em 565 milhões de euros, contou com uma procura 2,24 vezes acima da oferta e pagou 3,66%. Esta yield compara com uma taxa de 3,284% paga no leilão de 19 de julho do ano passado numa emissão com as mesmas características e que contou com o financiamento da República em 350 milhões de euros.
O terceiro leilão realizado esta quarta-feira foi promovido através da reabertura da linha de Bilhetes do Tesouro com maturidade a 15 de março de 2024 numa operação a dois meses, que além de contar com uma procura 2,93 vezes acima da oferta, resultou na emissão de 270 milhões de euros com uma yield de 3,663%.
Há pelo menos cinco anos que o IGCP não realizava um leilão a dois meses. A operação que mais se assemelha a este leilão foi concretizada a 15 de fevereiro do ano passado com um leilão a três meses que contou com a emissão de 450 milhões de euros pelo preço de 2,568%.
Segundo o calendário de Bilhetes do Tesouro do IGCP, os próximos leilões serão realizados a 21 de fevereiro por via de dois leilões (7 e 11 meses), tendo um montante previsto de emissão entre 1.250 milhões e 1.500 milhões de euros.
Recorde-se ainda que, conforme o Programa de Financiamento da República para este ano, o IGCP estima que o financiamento líquido resultante da emissão de Bilhetes do Tesouro produza um impacto positivo de 6,1 mil milhões de euros nas contas do Estado. “Será mantida a estratégia de emissão ao longo de toda a curva de curto prazo, combinando prazos mais curtos com prazos mais longos”, refere o IGCP no documento publicado no final do ano passado.
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