Retalho e automóvel são os setores mais afetados pela crise no Mar Vermelho
Os atrasos nas entregas de encomendas devido aos problemas no Mar Vermelho estão a causar quebra de "stocks" em vários setores e a condicionar a atividade.
A crise no Mar Vermelho, provocada pelos ataques do grupo de rebeldes Huthis, está a provocar problemas na cadeia de fornecimento global e a afetar a atividade das empresas de vários setores. O retalho, as tecnológicas e o setor automóvel são os setores mais penalizados por esta situação, segundo a Allianz Global Investors.
“As empresas estão a enfrentar o mais recente desafio na cadeia de abastecimento, à medida que os navios comerciais começam a ser desviados de uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo”, realça Virginie Maisonneuve, numa nota a que o ECO teve acesso. Para a diretora global de investimento em ações da Allianz GI, “assistimos a um impacto desigual entre setores e achamos que as empresas que aprenderam com outras disrupções comerciais recentes poderão estar mais aptas a enfrentar a atual turbulência”.
As empresas estão a enfrentar o mais recente desafio na cadeia de abastecimento, à medida que os navios comerciais começam a ser desviados de uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo.
Com o transporte de navios numa das principais vias comerciais marítimas globais ameaçado, muitas empresas já começam a sentir o impacto causado pelo atraso na entrega de mercadorias. É o caso do retalho.
“Muitas retalhistas dependem do transporte marítimo para os seus stocks e podem ser vulneráveis a atrasos”, destaca Virginie Maisonneuve, adiantando que muitas empresas de retalho dependem dos bens produzidos na Ásia e atrasos nas entregas podem refletir-se em quebras de stocks e custos mais elevados. A alternativa poderá ser enviar as encomendas por avião, mas com custos mais altos.
“Se as taxas de transporte da Ásia para a Europa duplicarem ou triplicarem durante um período prolongado, esses custos adicionais provavelmente vão corroer as margens de lucro”, remata a analista.
Quanto ao setor automóvel, Virginie Maisonneuve lembra que os stocks já estavam em baixa. Nos últimos dias várias grandes fabricantes automóveis, como a Tesla e a Volvo, já adiantaram que vão suspender parte da produção nas fábricas europeias. Uma situação que já está a ter impacto nas empresas de componentes automóveis em Portugal, com entregas agendadas para a próxima semana a serem reprogramadas.
A tecnologia é outro dos setores que poderá ser mais afetado pela crise no Mar Vermelho. “Empresas que dependem de itens maiores enviados por mar, como televisões, máquinas e veículos, são mais vulneráveis” escreve a mesma especialista.
“A curto prazo, as empresas de transporte marítimo poderão beneficiar da disrupção, uma vez que o aumento da procura de navios devido aos tempos de transporte mais longos ajuda a aumentar as taxas dos contentores”, remata.
Além da Allianz GI, também o CEO da EDP considerou esta quarta-feira que a crise no Mar Vermelho está a perturbar a execução de projetos na Ásia e o transporte de materiais oriundos desse continente e, por isso, está a tornar-se “num problema”, afirmou Miguel Stilwell d’Andrade.
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