BCE não mexe nas taxas de juro pela terceira vez consecutiva
O Conselho do Banco Central Europeu voltou a deixar as taxas diretoras inalteradas. A taxa de depósitos permanece assim nos 4%, o valor mais elevado de sempre.
O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira que as taxa diretoras irão manter-se inalteradas. É a terceira reunião consecutiva do BCE que o Comité de Política Monetária toma esta decisão, após dez aumentos seguidos ao longo de 15 meses, que encareceram o Euro em 450 pontos base.
Desta forma, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez permanecem nos 4,5% e 4,75%, respetivamente, enquanto a taxa de facilidade permanente de depósito mantém-se dos 4%.
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A decisão do BCE e o comunicado do Conselho do BCE reforçam a ideia defendida, mais uma vez, por Christine Lagarde e grande parte dos governadores dos bancos centrais do Euro no decorrer do Fórum Económico Mundial em Davos, de que os cortes nas taxas de juro não estão iminentes, ao contrário do que antecipam até há muito pouco tempo os investidores, com os mercados a descontarem cortes de 150 pontos base em 2024.
Apesar de não mexer nas taxas, o BCE refere que “excetuando um efeito de base em sentido ascendente na inflação global relacionado com os produtos energéticos, a tendência descendente da inflação subjacente prosseguiu”, e salientou que “os anteriores aumentos das taxas de juro continuam a ser transmitidos de forma vigorosa às condições de financiamento.”
Segundo o BCE, “as condições de financiamento restritivas estão a refrear a procura, o que está a ajudar a reduzir a inflação.” No entanto, ainda é cedo para reverter a política monetária restritiva da autoridade monetária liderada por Christine Lagarde.
“Com base na sua atual avaliação, o Conselho do BCE considera que as taxas de juro diretoras do BCE estão em níveis que, se forem mantidos por um período suficientemente longo, darão um contributo substancial para esse fim“, lê-se no comunicado do BCE que não faz qualquer menção a qualquer discussão em redor de eventuais cortes nas taxas diretoras.
E mais uma vez, a autoridade monetária da Zona Euro reforça a ideia de que está “determinada a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%” e que o Conselho do BCE “continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados na determinação do nível e da duração adequados da restritividade.”
Além disso, o BCE refere que “a carteira do programa de compra de ativos (asset purchase programme ‒ APP) está a diminuir a um ritmo comedido e previsível, dado que o Eurosistema deixou de reinvestir os pagamentos de capital de títulos vincendos.”
Para o primeiro semestre de 2024, o Conselho do BCE revela que “pretende continuar a reinvestir, na totalidade, os pagamentos de capital dos títulos vincendos adquiridos ao abrigo do PEPP”, notando ainda que, no segundo semestre do ano, “tenciona reduzir a carteira do PEPP, em média, em 7,5 mil milhões de euros por mês” e que “pretende descontinuar os reinvestimentos no âmbito do PEPP no final de 2024.”
Nos mercados, assim que foi conhecida a decisão do BCE, as yields das obrigações a 10 anos dos principais países da Zona Euro iniciaram uma tendência de queda no mercado secundário. As obrigações do Tesouro a 10 anos estão atualmente a negociar nos 3,075%, enquanto as obrigações alemãs também a 10 anos negociam com uma yield de 2,344%.
No mercado acionista, os principais índices da Zona Euro registaram uma ligeira recuperação, apesar de continuarem a negociar no vermelho, como tem sucedido ao longo de toda a manhã desta quinta-feira.
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