É oficial. Miguel Albuquerque renuncia “para bem da Madeira”

  • Ana Petronilho
  • 26 Janeiro 2024

Miguel Albuquerque estava aos comandos do governo regional da Madeira desde 2015. Sai depois de ser constituído arguido por suspeitas de corrupção. Substituto será conhecido na segunda-feira.

Dois dias depois de ter sido constituído arguido numa investigação do Ministério Público (MP) sobre suspeitas de corrupção, Miguel Albuquerque renuncia ao cargo de presidente do governo regional da Madeira, que ocupava desde 2015. O nome do sucessor será aprovado em reunião da comissão política do PSD Madeira, marcada para segunda-feira.

A renúncia de Miguel Albuquerque, “para bem da Madeira”, foi anunciada em conferência de imprensa esta sexta-feira, depois da reunião da Comissão Política do PSD Madeira para discutir os últimos acontecimentos políticos.

Depois de elencar todas as medidas adotadas durante o seu mandato, nos vários setores, Miguel Albuquerque reconhece, no entanto, que “só com estabilidade” governamental vai conseguir alcançar os “objetivos positivos” que propôs no início do mandato.

Por isso, se “para bem da Madeira é necessário encontrar uma solução de estabilidade”, o agora presidente demissionário do governo regional diz estar “disponível para contribuir para uma boa solução” e encontrar outro líder da coligação PSD/CDS aos comandos do executivo regional.

Antes da reunião do partido, o presidente do Governo Regional e líder do PSD-M esteve reunido, na Quinta da Vigia, com Rui Barreto, secretário regional da Economia, Mar e Pescas e líder regional do CDS. Durante o encontro, Albuquerque terá acertado com o parceiro de coligação os próximos passos.

Nos últimos dias, o ex-presidente do governo regional, Miguel Albuquerque, garantiu várias vezes que não apresentava a demissão, o que levou Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, a vincar que só continuava a apoiar a coligação PSD/CDS com outro presidente no governo regional.

Questionado sobre o que o fez mudar de posição, Albuquerque disse que foram “as circunstâncias”, tendo em conta que deixou de ter “um quadro de estabilidade parlamentar” que o “permitia governar”.

Miguel Albuquerque foi constituído arguido numa investigação que envolve suspeitas entre o Governo Regional da Madeira e a Câmara do Funchal com empresas da região, sobretudo no que toca à área da contratação pública, essencialmente sobre contratos de empreitada, desde 2015, com o grupo AFA a ser a principal visada do inquérito. Em causa há a suspeita de crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poder e tráfico de influência.

Antes de assumir o cargo de presidente do governo regional, Miguel Albuquerque foi, durante 19 anos, entre 1994 e 2015 presidente da Câmara do Funchal, sendo eleito com maioria absoluta em todas as eleições autárquicas.

Foi, até 2012, considerado como o delfim de Alberto João Jardim. As relações esfriaram quando decidiu desafiar o barão do PSD- Madeira, que à data liderava o partido há cerca de 40 anos. Chegou a líder do partido – o terceiro – em dezembro de 2014 e, três meses depois, o sucessor de Jardim venceu as legislativas na região com maioria absoluta.

Toca piano e é licenciado em Direito, tendo exercido como advogado entre 1986 e 1993, quando pôs de lado a advocacia para concorrer ao Funchal, como segundo da lista do PSD. Entre 1990 e 1992, liderou a juventude social-democrata no PSD-Madeira, numa altura em que Pedro Passos Coelho era o líder nacional da JSD.

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