Pedro Nuno Santos assinala silêncio da direita sobre dimensão do resgate na SATA

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2024

"Até hoje não houve um único ano em que a SATA tenha dado lucro. Mas a TAP dá lucro desde 2022. A diferença é que aqui somos nós e nos Açores é a direita toda junta”, disse o secretário-geral do PS.

O secretário-geral do PS prometeu esta terça-feira não perder “nem mais um segundo” sobre a escolha da localização do novo aeroporto de Lisboa e considerou que a direita está em silêncio sobre a dimensão do resgate na SATA. Estas posições foram transmitidas por Pedro Nuno Santos no final de um almoço com a Confederação do Turismo de Portugal (CFP), em Lisboa, após a intervenção de abertura do presidente desta entidade, Francisco Calheiros.

Francisco Calheiros disse que Pedro Nuno Santos, enquanto ministro das Infraestruturas, “teve razão” quando em 2022 fez publicar contra a vontade do primeiro-ministro, António Costa, uma portaria em que numa primeira fase se avançava para a construção de uma solução aeroportuária no Montijo e, depois, a médio e longo prazos, em Alcochete.

O secretário-geral do PS não se debruçou de forma desenvolvida sobre esse episódio que marcou a sua presença no Ministério das Infraestruturas, mas advertiu que nenhuma solução para o futuro aeroporto de Lisboa terá um apoio maioritário e que gerará sempre contestação.

Temos um aeroporto com uma pista esgotada, já tivemos 50 anos de debates com 19 localizações diferentes estudadas. Do que é que Portugal está à espera. Fiz uma tentativa que se frustrou e com a certeza que não vou perder nem mais um segundo, por duas razões: a primeira é a de que precisamos mesmo de avançar sobre o novo aeroporto o quanto antes; e a segunda é simbólica, porque precisamos de passar a mensagem que o país tem de avançar, não pode ter medo de decidir”, declarou.

A seguir, referiu-se a um dos temas do frente-a-frente que na segunda-feira à noite travou na SIC com o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, que atacou a despesa efetuada pelo Estado com a intervenção financeira na TAP em conjuntura de pandemia da covid-19. Pedro Nuno Santos observou que esse tema foi levantado tipo “metralhadora” por Rui Rocha na fase final do debate, quando já não dispunha de tempo para lhe responder.

Perante os empresários do turismo, voltou a defender o resgate então efetuado na TAP, apesar de ter reconhecido que esse processo “teve erros e falhas” e que “é uma mochila que vai carregar às suas costas”.

Assinalou porém que a TAP, antes da pandemia, quando a gestão era privada, dava 100 milhões de euros de prejuízo por ano, contrapondo que transportadora aérea nacional se salvou com a intervenção, que agora dá lucro (200 milhões nos primeiros nove meses do ano em 2023), faz encomendas junto de empresas nacionais num valor de 1,3 mil milhões de euros e é responsável por trazer para Portugal os turistas que mais tempo permanecem no país.

Mas avançou também com um novo argumento, depois de se queixar que a política portuguesa se caracteriza por vezes pela “incoerência e dualismo”. O secretário-geral do PS observou então que a SATA também foi resgatada e a dimensão da intervenção do Governo Regional dos Açores do PSD, CDS e PPM, então também suportado no parlamento pela IL e Chega, correspondeu a 10% do PIB da região autónoma, enquanto no caso da TAP rondou os 1,5% do PIB nacional.

Não estou a criticar a intervenção pública na SATA, mas nunca ouvi nenhum criticar essa operação. Nunca ouvi ninguém queixar-se. E até hoje não houve um único ano em que a SATA tenha dado lucro. Mas a TAP dá lucro desde 2022. A diferença é que aqui somos nós e nos Açores é a direita toda junta”, declarou.

Pedro Nuno Santos sustenta que Luís Montenegro “não tem forma de governar”

O secretário-geral do PS assinalou ainda que o presidente do PSD tem assegurado que não governa com o Chega se ficar em segundo nas eleições, o que indica que Luís Montenegro “não tem forma de governar”.

Na intervenção inicial do almoço, o presidente da CFT disse ter ficado satisfeito quando o PS obteve maioria absoluta nas legislativas de janeiro de 2022, porque esse resultado indiciava mais de quatro anos de estabilidade politica e o tempo necessário para fazer reformas de fundo no país.

Já no que respeita às perspetivas para as eleições legislativas antecipadas de 10 de março, Francisco Calheiros manifestou-se apreensivo com um resultado que provoque instabilidade, tendo nesse contexto criticado a solução “Gerigonça” de 2015, “com partidos adversários do turismo” na esfera do poder. Pedro Nuno Santos defendeu a seguir a solução política “Geringonça” de 2015, mas pronunciou-se principalmente sobre o que está em causa nas eleições de 10 de março.

“Acredito que só teremos um Governo com estabilidade em Portugal se o PS tiver uma grande vitória nas eleições legislativas. Não é credível ao dia de hoje que qualquer partido tenha maioria absoluta”, começou por observar, antes de procurar associar o PSD à ingovernabilidade. “O meu principal adversário diz que não governa se ficar em segundo e diz que não governa com o Chega. Então, não tem forma de governar”, apontou.

Depois, vincou a sua tese sobre a importância de o PS ter condições para formar Governo. “Tenho dito ao longo do tempo e continuarei a dizer: Não sabemos qual a configuração parlamentar que sairá das eleições de 10 de março, mas sabemos que o Governo será mais estável – falo por mim – quanto mais força tiver o PS. A nossa concentração é ter um resultado que garanta a Portugal um Governo com estabilidade, liderado pelo PS”, insistiu.

Em relação aos executivos minoritários de António Costa, que foram suportados no parlamento pelo PCP, Bloco de Esquerda e PEV, o líder socialista contrariou a posição de Francisco Calheiros.

Percebo as críticas que o presidente da CFT fez sobre a solução encontrada em 2015, mas aposto que aqui não há nenhum empresário que, entre 2025 e 2019, não tenha visto a situação da sua empresa a melhorar. Até admito situações excecionais, mas foram quatro anos de crescimento, de recuperação. As empresas ganharam mais, não saíram em 2019 a perder face a 2015. Houve receios que não se confirmaram”, sustentou.

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