Infraestruturas de Portugal espera “meia dúzia” de consórcios para a Alta Velocidade
O presidente da Infraestruturas de Portugal revela que várias entidades já levantaram as peças do concurso público. Miguel Cruz espera "estabilidade" no projeto, mesmo com mudança de Governo.
A Infraestruturas de Portugal (IP) lançou o concurso público para a construção do primeiro troço da linha de Alta Velocidade Porto – Lisboa há um mês e várias entidades interessadas já levantaram a documentação, revela o presidente da empresa gestora da rede ferroviária. Miguel Cruz espera que pelo menos meia dúzia de consórcios se candidatem.
“As peças de concurso foram levantadas por uma quantidade de entidades. No fim do dia, não sei quantas é que acabam por apresentar a proposta, mas tenho boas expectativas sobre a procura“, começa por afirmar o presidente da comissão executiva da IP, em declarações ao ECO à margem da 6.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, no Porto.
“Estamos na expectativa de que haja um número interessante. Tão próximo quanto possível da meia dúzia, pelo menos, de consórcios a apresentar proposta“, adianta Miguel Cruz.
A Infraestruturas de Portugal lançou a 12 de janeiro o concurso para o primeiro troço da linha de Alta Velocidade Porto – Lisboa, entre a estação da Campanhã e Oiã (distrito de Aveiro), num total de 71 km. É considerado o mais complexo do traçado, já que inclui 12 km em túnel e 19 km em pontes.
Um dos consórcios que vai concorrer é liderado pela Mota-Engil e integra outras cinco empresas: Teixeira Duarte, Casais, Gabriel Couto, Alves Ribeiro e Conduril, segundo revelou o CEO ao Jornal de Negócios, em janeiro do ano passado. O El Economista noticiou no final do mês que as espanholas Acciona, FCC e Ferrovial estavam a preparar uma parceria com o mesmo fim, que podia integrar um grupo português.
Os cálculos do Executivo apontam agora para um custo de 1.978 milhões de euros para o troço entre o Porto e Oiã e 1.751 milhões para a ligação entre Oiã e Soure, a preços de 2023. Ao todo, a primeira fase do projeto soma 3.729 milhões de euros. Quanto ao valor total linha de Alta Velocidade, Miguel Cruz afirma que “neste momento, é cauteloso não estimar ainda”. O custo pode até baixar, em função do que forem as propostas apresentadas pelos consórcios no concurso. Em termos de calendário, o que está previsto “é concluirmos a primeira fase em 2030 e a segunda fase ter um desfasamento de cerca de dois anos”, aponta.
À medida que nós formos avançando em fases adicionais, iremos novamente apresentar candidaturas. Contamos ter financiamento comunitário ao longo do tempo, para as várias fases do projeto.
A Infraestruturas de Portugal avançou no final do mês passado com a candidatura a 729 milhões em fundos europeus do Mecanismo Interligar a Europa, para ajudar a financiar a primeira fase da linha de Alta Velocidade. Um montante que a empresa pública tem “confiança” de que vai conseguir capturar. Há depois “um valor adicional que nós esperamos ir buscar, mas com o qual obviamente não me posso comprometer, porque nós estamos em competição com outros”, explica Miguel Cruz.
“À medida que nós formos avançando em fases adicionais, iremos novamente apresentar candidaturas. Contamos ter financiamento comunitário ao longo do tempo, para as várias fases do projeto“, acrescenta o presidente da Infraestruturas de Portugal.
Presidente da IP espera “estabilidade” com novo Governo
A entrega de propostas para o primeiro concurso termina em junho. O segundo avança no início do segundo semestre. “A ideia é desfasar. Quando este [concurso] acabar, poder avançar com o seguinte para não haver aqui sobreposições”, justifica o antigo secretário de Estado do Tesouro do segundo Governo de António Costa.
Miguel Cruz espera que a mudança de Executivo após as eleições de 10 de março não traga alterações de monta ao projeto. “Independentemente do Governo que tivermos e das opções que tivermos, para que estas coisas possam correr adequadamente, para que possamos aproveitar as oportunidades e para que possamos cumprir aqueles que são os prazos que estamos a estabelecer, é importante que haja aqui uma estabilidade nas opções que são tomadas”, defende.
“Temos sempre que admitir que possa haver alguma apreciação do projeto e portanto, alguma tomada de posição adicional. O que é certo é que houve aqui um consenso que foi gerado sobre este projeto e sobre esta fase”, aponta.
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