Zelensky alerta para situação “extremamente difícil” na frente de batalha
"As tropas russas estão a tirar partido do atraso no fornecimento de ajuda à Ucrânia", afirmou o presidente ucraniano na sua mensagem diária.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu esta segunda-feira que o exército ucraniano está a enfrentar uma situação “extremamente difícil” imposta pelas forças russas, que, considerou, estão a aproveitar o atraso do Ocidente na prestação de ajuda militar.
“A situação é extremamente difícil em vários pontos da linha da frente, onde as tropas russas concentraram um máximo de reservas. As tropas russas estão a tirar partido do atraso no fornecimento de ajuda à Ucrânia”, afirmou Zelensky na sua mensagem diária, acrescentando que o seu país carece de artilharia e precisa de defesa antiaérea para a linha da frente, bem como de armas de longo alcance.
As forças russas estão na ofensiva no leste e no sul da Ucrânia e acabaram de capturar a cidade disputada de Avdiivka, na região de Donetsk, fazendo o seu primeiro grande ganho desde a captura de Bakhmut em maio de 2023. Na segunda-feira, o exército ucraniano afirmou estar a enfrentar “fogo pesado” das forças russas na ofensiva na região de Zaporizhia, no sul do país.
O comandante ucraniano Oleksandr Tarnavsky disse que as tropas de Moscovo estavam a lançar múltiplos ataques, particularmente perto da aldeia de Robotyne, um dos poucos locais onde a Ucrânia tinha conseguido recuperar terreno durante a contraofensiva do verão passado. O exército russo está a tentar avançar com “pequenos grupos de assalto apoiados por unidades blindadas”, afirmou no Telegram.
“Estas tentativas de ofensiva foram travadas, o inimigo foi eliminado nos arredores de Robotyne”, afirmou o major Tarnavsky, que comanda as forças ucranianas na região. Como muitas cidades do leste da Ucrânia, Robotyne foi completamente arrasada após meses de fogo de artilharia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, saudou a tomada de Avdiivka como uma “importante vitória” das suas tropas, a poucos dias do segundo aniversário do início da invasão russa, a 24 de fevereiro.
Bloqueio na fronteira polaca reflete erosão da solidariedade, diz Zelensky
O Presidente ucraniano alertou ainda que o bloqueio da fronteira entre a Polónia e a Ucrânia por camionistas e agricultores polacos demonstra a “erosão da solidariedade” para com o seu país que combate a invasão da Rússia. “O que está a acontecer na nossa fronteira ocidental, a fronteira com a Polónia, não pode ser considerado normal ou comum”, declarou o chefe de Estado ucraniano, sublinhando que a situação demonstra “a erosão da solidariedade quotidiana”.
Durante semanas, os agricultores polacos têm tentado impedir as importações de produtos provenientes da Ucrânia, em protesto contra o que consideram ser uma concorrência desleal. Esta disputa prejudicou as relações entre Kiev e Varsóvia, que tem sido um dos mais fervorosos apoiantes da Ucrânia desde o início da invasão russa.
A circulação rodoviária com a Polónia tem sido crucial desde o início da guerra para permitir que as empresas ucranianas continuem a exportar. Mas esta situação irritou os agricultores e as empresas de transporte polacos, que se queixam das tarifas ucranianas, com as quais não podem competir. “Na realidade, não se trata de cereais, mas sim de política”, sublinhou Zelensky, assegurando que apenas 5% das exportações agrícolas do seu país atravessaram a fronteira polaca.
Seis passagens de fronteira estão bloqueadas no lado polaco, revelou hoje o ministro ucraniano das Infraestruturas, Oleksandr Kubrakov, considerando na rede social Facebook que se trata de uma “ameaça direta à segurança de um país forçado a defender-se”. “Eles estão a bloquear tudo. Alguns camiões transportam combustível. Há alguns dias, os manifestantes bloquearam a passagem de vários camiões carregados de armas”, realçou Kubrakov, em entrevista à televisão pública ucraniana.
De acordo com um responsável polaco, cerca de 600 camiões aguardam para atravessar da Polónia para a Ucrânia na passagem fronteiriça de Dorohusk. De acordo com Michal Derus, porta-voz da alfândega da cidade polaca de Lublin, duas dúzias de camiões cruzaram a fronteira para a Ucrânia durante a noite, mas “nenhum camião entrou na Polónia”. “Podemos, portanto, assumir que se trata de um bloqueio total”, acrescentou.
A situação deverá piorar ainda mais esta terça-feira, quando os agricultores polacos planeiam apelar a um bloqueio total da fronteira entre os dois países. A ofensiva militar russa no território ucraniano, desencadeada em 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
(Notícia atualizada pela última vez às 22h59)
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