“Aquilo que atrai investimento é a qualificação”, realça Costa

  • ECO e Lusa
  • 21 Fevereiro 2024

Numa altura em que cerca de 30% dos jovens emigram, Costa referiu ainda que o facto de o país ter hoje mais qualificações dá às novas gerações uma "confiança de que vai poder ser a geração realizada".

António Costa defendeu esta quarta-feira que o excedente externo histórico alcançado em 2023 deriva da melhoria das qualificações dos portugueses e que esta circunstância atrai investidores.

“Aquilo que atrai investimento é a qualificação, o saber e a capacidade de inovação”, disse o primeiro-ministro demissionário, na apresentação do livro do secretário-geral da JS, Miguel Costa Matos, Portugal, e Agora? – 30 Ideias para Mudar o País, em Lisboa. “É esta qualificação que o país tem que permitiu que em 2023 as exportações tivessem ultrapassado os 50% do PIB” e que o país tivesse alcançado um excedente histórico da balança comercial, exemplificou, notando que mudança “permitiu uma transformação estrutural da economia”.

Numa altura em que cerca de um terço dos jovens emigram, Costa referiu ainda que em 2000 ou 2010 o país não tinha esses recursos, mas sublinha que o facto de o país ter hoje mais qualificações dá às novas gerações uma “confiança de que vai poder ser efetivamente a geração realizada”.

O antigo secretário-geral do PS referiu ainda que o país está “na linha da frente” no que toca à transição energética, lembrando que entre final de outubro e início de novembro houve “seis dias consecutivos onde a totalidade da eletricidade consumida foi de energia renovável” e ainda houve margem para “exportar 95 horas de eletricidade para Espanha”, rematou.

O primeiro-ministro afirmou que, na pré-campanha eleitoral, as principais ideias para o país partiram do PS e não da oposição e considerou que a proposta da IL agrava a tributação de quem tem IRS Jovem.

Não é o facto de haver oito anos de Governo que diminuiu o poder de reinvenção e de inovação. Tenho verificado nos debates eleitorais que há mais novidades apresentadas pelo campo de quem tem governado nestes últimos oito anos do que por parte daqueles que se têm oposto”, declarou, perante uma sala cheia de simpatizantes e militantes do PS, num discurso que se caracterizou por uma perspetiva otimista em relação à juventude e à economia portuguesa.

Já na parte final da sua intervenção, o ainda líder do executivo referiu-se ao mais recente relatório da Comissão Europeia sobre o impacto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no Produto Interno Bruto (PIB), dizendo que, no caso de Portugal, num cenário mais pessimista, acrescentará dois pontos percentuais em 2026.

“Num cenário mais otimista, o PRR poderá acrescentar 3,5 pontos percentuais de forma estrutural ao nosso PIB. Significa um crescimento estrutural do nosso produto entre 2 e 3,5 pontos percentuais, o que acelerará brutalmente a nossa convergência com a União Europeia. Portanto, não havendo qualquer disrupção na execução do PRR e continuando a executá-lo ao ritmo atual, em 2026, segundo as previsões da Comissão Europeia, teremos só por via do PRR um crescimento entre dois e 3,5%”, assinalou.

A seguir, numa das poucas referências que fez às questões partidárias em debate na pré-campanha para as eleições legislativas antecipadas de 10 de março, António Costa criticou a Iniciativa Liberal (IL) por falar nos jovens, mas propor-se a aumentar impostos para uma parte deles. “A IL, que tanto fala de impostos e de jovens, acaba com o IRS Jovem, dizendo esta coisa extraordinária: o IRS Jovem deixa de ser necessário porque haverá um IRS de 15% para todos. Não vou discutir a demagogia do IRS a 15% para todos, mas o IRS Jovem, no primeiro ano, é de zero por cento”, assinalou.

Neste contexto, o primeiro-ministro concluiu: “Significa que querem taxar mais quem tem IRS Jovem”.

Ainda sobre a evolução do país em termos de modernização da economia, fez a defesa de que Portugal deve explorar as suas reservas de lítio – um recurso mineral que disse que poderá permitir ao país entrar na produção de baterias de automóveis e de telemóveis. Na última intervenção da apresentação do livro, Miguel Costa Matos, antigo assessor do primeiro-ministro, António Costa, manifestou-se confiante de que o país “fará justiça aos governos socialistas, que reverteram os cortes e viraram a página da austeridade em Portugal”.

O secretário-geral dos jovens socialistas disse fazer este ano 16 anos de vida política e referiu que o seu livro foi escrito a pensar em outro ciclo político, antes da demissão do atual Governo em 7 de novembro de 2023. “Este não é um livro técnico. Procuro deixar sementes. As ideias de que aqui apresento são um acrescento à biodiversidade da nossa democracia. A nossa democracia precisa de ideias”, afirmou o líder da JS, recebendo uma prolongada salva de palmas.

Na primeira intervenção da sessão, o dirigente socialista Duarte Cordeiro salientou o desafio que Miguel Costa Matos lança no seu livro aos socialistas para “saírem da sua zona de conforto” e entrarem “na batalha das ideias com campos alternativos da direita”. “Estamos perante perigos que podem colocar em causa a democracia, com uma extrema-direita que se aproveita do medo e do desconhecimento e que recorre a mentiras. A democracia, que este ano celebramos 50 anos, não é um dado adquirido. Os direitos não estão garantidos”, advertiu.

Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática, referiu também a existência de “uma direita radical que aposta numa lógica individualista”.

“Destacam-se por apresentar soluções com aparentes ganhos imediatos, como os choques fiscais, mas sem discutirem as consequências da rutura que vão provocar nas funções do Estado social”, declarou, num discurso em que também destacou “os progressos” de Portugal em matéria de cumprimento das metas ambientais.

“Em 2023, estabelecemos vários recordes, entre os quais o facto de termos seis dias consecutivos de consumo da eletricidade só com as nossas fontes renováveis e ainda com exportação para Espanha. Temos de deixar memória dos nossos resultados”, sustentou, numa sessão em que estiveram presentes os ministros da Economia, António Costa e Silva, da Agricultura, Maria do Céu Antunes, e da Ciência e Ensino Superior, Elvira Fortunato, além do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes.

(Notícia atualizada às 21h29 com mais informação)

 

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