Aumento geral dos salários e combate à corrupção são prioridades para os portugueses

A maior parte dos inquiridos defendem que todos devem pagar impostos e revelam maior confiança na saúde privada do que no SNS, segundo uma sondagem da Pitagórica realizada para a SEDES.

O aumento geral dos salários e o combate à corrupção são duas das prioridades que os portugueses gostariam de ver espelhadas nos programas com que os partidos concorrem às eleições legislativas de 10 de março, segundo uma sondagem da Pitagórica realizada para a SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, e que foi divulgada esta sexta-feira.

Para 90% dos inquiridos, “o próximo governo deverá preocupar-se com o crescimento dos salários em geral em alternativa ao aumento do salário mínimo”, de acordo com o estudo. Todos os partidos têm metas para a trajetória do ordenado mínimo, com PS e a Aliança Democrática (AD), coligação que junta PSD, CDS e PPM, a defender os 1.000 euros, no final da legislatura, em 2028.

Em relação ao vencimento médio, o presidente do PSD e líder da AD, Luís Montenegro, quer chegar aos 1.750 euros brutos, em 2030. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, não estabelece metas no programa eleitoral, mas, segundo o acordo de rendimentos assinado pelo seu antecessor, António Costa, com os parceiros sociais, aquele indicador deverá atingir os 1.725 euros já em 2026.

Ao contrário do salário mínimo, o aumento geral das remunerações não é feito por decreto do Governo, sendo necessário promover políticas dirigidas ao crescimento económico e da produtividade das empresas, para que depois consigam pagar melhores ordenados.

Por isso, 61% dos eleitores consideram fundamental promover o crescimento económico do país. Aliás, entre as prioridades globais, para o futuro Governo, “colocar o país a produzir mais” surge em segundo lugar, com 40% dos inquiridos, logo atrás da necessidade de resolver os problemas do SNS, com 51%.

Tendo em conta que a maioria dos inquiridos considera existir um elevado nível de fuga aos impostos por parte dos cidadãos (91%) e das empresas (87%), uma das grandes preocupações dos eleitores passa pelo reforço dos mecanismos de combate à corrupção. 68% dos inquiridos elege, aliás, como primeira prioridade para a Justiça o “combate à corrupção e criminalidade económica e financeira”.

Ao nível da fiscalidade, a grande maioria dos entrevistados (80%) considera justo que todos os contribuintes paguem impostos. Já, em relação ao IRS, parece não existir um consenso tão alargado.

Na hipótese de todos as famílias pagaram IRS mesmo que fosse só um euro, uma vez que 42% estão dispensadas desta obrigação, só pouco mais de metade dos inquiridos (53%) defendem que todos os portugueses, sem exceção, incluindo os que recebem o salário mínimo e que, neste momento, estão isentos, devem pagar aquele imposto.

O estudo da Pitagórica revela que o eleitorado está, assim, dividido sobre o pagamento de IRS por todos os portugueses, sendo que os homens, jovens e o eleitorado do centro são os que têm mais interesse nesta proposta.

Por outro lado, quase metade dos eleitores (43%) avaliam como positiva uma medida de redução do número de benefícios fiscais.

Em relação às condições de vida, 78% dos portugueses inquiridos considera que se mantiveram ou pioraram nos últimos cinco anos, isto é, entre 2019 e 2024.

Resolução dos problemas do SNS

Na área da saúde, o estudo mostra que os níveis de confiança no setor privado são superiores aos registados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), segundo os eleitores, com 33% e 26%, respetivamente, a dar melhor nota a um e outro sistema. Por isso, praticamente metade dos portugueses (49%) é contra o fim dos contratos de gestão privada nos hospitais.

Tendo em conta a má pontuação do sistema público de saúde, uma das grandes prioridades do futuro Governo deve ser a resolução dos problemas do SNS, para 51% dos inquiridos. Para esta resposta contribuíram sobretudo mulheres, entre 45 e 64 anos, de Lisboa e norte, e eleitorado de centro/esquerda e esquerda.

Ensinos básico e secundário pioraram na última década

Na área da educação, dois em cada três eleitores (65%) consideram que os ensinos básico e secundário têm piorado nos últimos 10 anos. Para além disso, 60% considera que a exigência do ensino em Portugal também caiu substancialmente.

Em relação aos professores, três em cada quatro eleitores (75%) gostariam que a contratação fosse feita localmente pelos agrupamentos escolares.

Criação de um senado na Assembleia da República

A grande maioria (80%) dos inquiridos revelam interesse num novo sistema político, com 73% a manifestarem interesse na criação de um senado, isto é uma segunda câmara a funcionar na Assembleia da República. Este novo organismo teria 20 representantes, onde cada distrito e as regiões autónomas da Madeira e dos Açores elegeriam um senador, garantindo que todas as áreas do país teriam o mesmo peso, segundo a proposta da SEDES.

O senado seria responsável por:

– avaliar e debater leis importantes aprovadas pela Assembleia da República, incluindo o Orçamento do Estado;

– decidir se aceita ou rejeita pessoas nomeadas para cargos públicos importantes pelo Governo ou Parlamento;

– confirmar acordos internacionais feitos pelo Governo;

– fiscalizar o Governo e realizar inquéritos, podendo convocar membros do Governo para prestar esclarecimentos, e, em casos específicos, julgar políticos em processos de destituição.

De referir ainda que, em relação sistema atual, 63% dos inquiridos não consegue indicar o nome de um deputado eleito pelo seu distrito.

Na área da Defesa, e quando se assinalam dois anos desde a invasão da Ucrânia, 63% dos eleitores portugueses concorda com a introdução do Serviço de Cidadania Obrigatório, ao abrigo do qual os jovens poderiam servir numa instituição de defesa/segurança durante um período máximo de seis meses.

O inquérito da Pitagórica baseou-se em entrevistas realizadas, entre 16 de janeiro e 12 de fevereiro, a 820 indivíduos recenseados em Portugal, de ambos os sexos, e com mais de 18 anos.

De salientar que mais de metade dos inquiridos (51%) admite ser de direita e centro/direita.

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