Borrell escreve a ministros dos 27 da UE a pedir investimentos na Defesa
"Os soldados ucranianos têm determinação para lutar, mas precisam de munições. Urgentemente e em grandes quantidades", disse o chefe da diplomacia europeia.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, escreveu aos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da União Europeia (UE), pedindo que gastem mais dinheiro para fornecer armas à Ucrânia, que enfrenta falta de munições para combater a Rússia.
“As mensagens que ouvimos são inequivocamente claras: os soldados ucranianos têm determinação para lutar, mas precisam de munições. Urgentemente e em grandes quantidades”, afirmou o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros no conteúdo das cartas enviadas na quarta-feira aos ministros dos 27, ao qual a agência EFE teve acesso. “Não fazer nada não é uma opção”, advertiu.
Quando no sábado se assinalam dois anos desde o início da invasão russa da Ucrânia, Borrell lembrou que os Estados-membros não cumpriram a promessa de entregar um milhão de munições à Ucrânia até março. Desde fevereiro de 2023, a UE forneceu 355 mil munições de 155 mm à Ucrânia e até março espera entregar 524 mil, segundo cálculos de Bruxelas, que só prevê um total de 1.115.000 no final do ano.
“Ouvindo os nossos amigos ucranianos, isto claramente não é suficiente”, disse Borrell, que insistiu nas diferentes opções que os países da UE têm para entregar armas a Kiev. Uma delas, lembrou, é transferir armas das reservas nacionais, “na medida do possível”, mas o chefe da diplomacia europeia apelou também para a compra de munições que já estão “imediatamente disponíveis no mercado”.
Neste sentido, disse que a indústria militar europeia aumentou a sua capacidade de produção em pelo menos 40% mas precisa de “encomendas [de compra] concretas com financiamento adequado”. Borrell referiu que a Agência Europeia de Defesa lançou 60 contratos-quadro para munições de calibre 155 mm que “têm sido subutilizados” e que têm capacidade para absorver encomendas no valor de 1,5 mil milhões de euros, pedindo “um melhor aproveitamento” das compras conjuntas.
Além disso, disse que a Ucrânia está disposta a aumentar a sua própria capacidade de produção se receber investimento estrangeiro. “Mas, mais uma vez, é necessário financiamento”, disse o alto representante europeu. O chefe da diplomacia europeia assinalou ainda que o Fundo Europeu de Apoio à Paz, que a UE tem utilizado para financiar o envio de armas para Kiev, está disponível para algumas daquelas opções.
Desse modo, o fundo pode reembolsar os Governos por parte do dinheiro que gastem na compra de armas e munições de 155 mm na UE ou na indústria norueguesa (extra comunitária), ou por munições e mísseis que tenham sido em grande parte fabricados na UE, mesmo que tenham sido finalizados em países terceiros. Pode também financiar compras a fabricantes europeus, ainda que parte da cadeia de abastecimento esteja fora da UE.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022. Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
O conflito de quase dois anos provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.
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