Risco de Portugal face à Alemanha cai para mínimos de dois anos

A yield das obrigações a 10 anos do Tesouro estão a cair a um ritmo mais rápido do que a yield das Bunds, atirando o nível de risco de Portugal face à Alemanha para mínimos de janeiro de 2022.

Os investidores estão a reagir positivamente à subida de um nível do rating da dívida de Portugal por parte da Standard & Poor’s na sexta-feira, que colocou o risco creditício dos títulos de dívida do Tesouro em “A-“.

Isso é visível com a descida generalizada da yield de todas as obrigações do Tesouro na curva de rendimentos de Portugal ao longo desta segunda-feira. Os títulos a 10 anos, por exemplo, estão a negociar com uma yield de 3,04%, a taxa mais baixa desde 7 de fevereiro.

Atualmente, o risco de emprestar dinheiro a Portugal face à Alemanha a 10 anos é 16% inferior ao risco que o mercado considerava no final do ano passado.

“Certamente que a subida do rating por parte da Standard and Poor’s teve impacto no comportamento das yields portuguesas, contudo, as expectativas de que os juros podem começar a diminuir já no verão está a ser o principal driver no mercado secundário da dívida”, refere Henrique Tomé, analista da XTB.

A mesma perceção de menor risco por parte dos investidores em relação a Portugal é também visível com a queda do spread das yields das Tesouro nacional a 10 anos face às taxas pagas pelos títulos de dívida alemã desde junho de 2022, que culminaram esta segunda-feira com um diferencial de 63,8 pontos base no mercado secundário, o valor mais baixo dos últimos dois anos.

“Este é um cenário que dá nota de uma cada vez maior confiança dos mercados nas contas públicas portuguesas”, refere ao ECO Ricardo Evangelista, diretor-executivo da ActivTrades Europe. Recorde-se que, a 1 de fevereiro, o ministro das Finanças anunciou que a dívida pública ficou abaixo da fasquia dos 100% do PIB pela primeira vez desde 2009.

Atualmente, o risco de emprestar dinheiro a Portugal face à Alemanha a 10 anos é 16% inferior ao risco que o mercado considerava no final do ano passado. Trata-se de uma queda superior à registada por Itália, Grécia, Espanha, França e Irlanda no mesmo período.

No entanto, Filipe Garcia, economista e presidente da IMF – Informação de Mercados, refere que a queda do spread das yields de Portugal face à Alemanha não é apenas “um fenómeno idiossincrático” e salienta que essa tendência se reflete também numa queda do risco de outros países europeus face à Alemanha.

“Isso decorre da perceção de inversão do ciclo de política monetária a par de uma performance económica fraca da Alemanha”, explica Filipe Garcia.

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