Exclusivo Teixeira Duarte à frente dos espanhóis no concurso para as obras do IP3
Apesar de Ferrovial e Acciona terem apresentado os valores mais baixos, é a proposta do consórcio português liderado pela Teixeira Duarte que encabeça o relatório preliminar de avaliação da IP.
A Teixeira Duarte está na linha da frente para vencer o concurso público internacional para obras de reabilitação no IP3, entre Santa Comba Dão e Viseu, apurou o ECO. Apesar de os espanhóis da Ferrovial e da Acciona terem apresentado os valores mais baixos, a proposta de 118 milhões da construtora portuguesa, em parceria com a Gabriel Couto e a Embeiral, foi a mais bem classificada pela Infraestruturas de Portugal (IP).
Este foi o resultado do relatório preliminar de análise e de avaliação de propostas divulgado junto das dez empresas ou consórcios que se candidataram ao procedimento lançado em julho do ano passado, num investimento avaliado em 130 milhões de euros. O organismo liderado por Miguel Cruz disse ao ECO que o processo ainda se encontra em fase de audiência prévia (cinco dias úteis), “não se [encontrando], assim, terminado”.
Os espanhóis da Ferrovial apresentaram o valor mais baixo para a obra no IP3, tendo avançado com uma proposta de 103,3 milhões de euros (20,6% abaixo do valor base para esta empreitada). Na lista, a que o ECO teve acesso, seguem-se a proposta liderada pela também espanhola Acciona, em consórcio com a DST de Braga, com um preço de 109,2 milhões de euros.
A espanhola FCC, em consórcio com a Alberto Couto Alves (ACA) de Vila Nova de Famalicão, apresentou a terceira melhor oferta para a construção (114,99 milhões de euros), seguindo-se a também minhota ABB – Alexandre Barbosa Borges (117,99 milhões de euros) e só depois o grupo formado pela Teixeira Duarte, pela Gabriel Couto e pela Embeiral (118,15 milhões de euros) e a candidatura da Mota-Engil (128,9 milhões de euros).
As outras quatro construtoras que manifestaram interesse no concurso (Ilhaugusto, Sacyr Somague, Fernando L. Gaspar e Conduril) apresentaram montantes acima do valor base fixado para esta empreitada. Esta última empresa, que tem sede em Ermesinde e é liderada por Benedita Amorim Martins, foi a que apresentou a proposta mais elevada, acima de 175 milhões de euros.
No relatório [preliminar de avaliação e apreciação de propostas], sujeito agora a audiência prévia no espaço de cinco dias úteis, a IP classifica e ordena as propostas, mas não efetuou ainda qualquer adjudicação.
Contactada pelo ECO, a Teixeira Duarte confirmou apenas a participação no concurso com a Gabriel Couto e a Embeiral, assinalando que ainda “não ganhou nenhum concurso”. “Em bom rigor, a obra não foi sequer adjudicada”, acrescentou através de fonte oficial, recordando que ainda decorre o prazo de cinco dias úteis para a audiência prévia a que o relatório da IP está sujeito nos termos do Código dos Contratos Públicos.
Foi em julho do ano passado que o Governo liderado por António Costa lançou este concurso para uma intervenção no IP3. O então ministro das Infraestruturas, João Galamba, esperava “ter máquinas no terreno” no final de 2024 e “a obra pronta o mais rapidamente possível”.
Em causa está a ligação entre Santa Comba Dão e Viseu, com “perfil de autoestrada”, ou seja, duas faixas de cada lado. “Terminaremos estas intervenções no IP3 com mais de 85% com perfil de autoestrada e uma percentagem muito reduzida, por impossibilidade física de duplicação, sem ser com duas faixas de cada lado”, frisou Galamba nessa altura.
Confronto ibérico em Alta Velocidade
O último grande concurso ganho em Portugal pela Ferrovial foi a adjudicação da expansão do Metro do Porto (construção da Linha Rosa e prolongamento da Linha Amarela), confirmada em 2020, num investimento de 288 milhões de euros. Já a Acciona foi a empresa escolhida para a construção do Hospital de Évora, em abril desse mesmo ano, tendo-se proposto realizar a obra por 148,9 milhões de euros. Contudo, em outubro de 2022, pediu uma compensação adicional de 50 milhões de euros ao Estado para concretizar o projeto.
Na reta final do ano passado, o conselho de administração da Metro do Porto aprovou a adjudicação da empreitada relativa à construção da Linha Rubi à “melhor proposta”, que foi apresentada pelo consórcio formado pelas espanholas FCC Construcción e Contratas y Ventas, com a participação da ACA, no valor de 379,5 milhões de euros. É, em termos de investimento, o maior projeto no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A concorrência feroz das empresas espanholas nos concursos públicos em Portugal tem estado no topo das preocupações e dos discursos dos líderes das empresas nacionais e dos representantes do setor. As próximas grandes “batalhas ibéricas” vão ser travadas nos troços da linha de Alta Velocidade entre Lisboa e Porto, em que a IP espera “meia dúzia” de consórcios. A armada lusitana vai junta com seis empresas: Mota-Engil, Teixeira Duarte, Casais, Gabriel Couto, Alves Ribeiro e Conduril.
Durante uma intervenção na 6.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO no Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, no Porto, o presidente executivo da Mota-Engil, Carlos Mota Santos, salientou que as construtoras espanholas “combatem com armas diferentes”, beneficiando de uma fiscalidade mais baixa, custos de financiamento inferiores e acesso mais facilitado a mão-de-obra. Além disso, têm “muita experiência em infraestruturas de Alta Velocidade e equipamentos já amortizados”.
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