Sustentabilidade impacta mais na experiência do que na escolha do hotel, defende Bensaude
Os hotéis do grupo Bensaude obtiveram uma nova certificação de sustentabilidade. A direção entende que a sustentabilidade compensa, apesar de difícil de comunicar.
A Bensaude Hotels Collection recebeu, em 2024, e pelo terceiro ano consecutivo, a certificação de sustentabilidade Travelife, reconhecida pelo Conselho Global do Turismo Sustentável (Global Sustainable Tourism Council). O diretor geral de operações, António Casanova, afirma que a sustentabilidade é benéfica para o negócio, mas não tanto enquanto fator diferenciador no momento da escolha: a gestão sustentável de uma unidade hoteleira tem impacto, sobretudo, na experiência do cliente, que depois o faz retornar ou partilhar a impressão positiva, defende.
“Se eu for muito exigente e relação ao ambiente, realmente vou escolher um hotel que se preocupa. Mas 90% das pessoas não olham para isso; valorizam, de alguma forma… mas vão valorizar muito mais, e sentir isso [a sustentabilidade], depois de sair do hotel, de terem estado lá“, entende o diretor de operações do grupo. A sustentabilidade “acrescenta ao hotel pela sua gestão”, remata.
Neste sentido, dá o exemplo de umas películas que o grupo acrescentou nos vidros dos quartos, para controlo térmico. “A principal razão para as colocar foi para dar conforto aos clientes”, diz, colocando a experiência destes como o primeiro fator a considerar. No entanto, concede que, para investir em sustentabilidade, tem de haver um retorno. E considera que um hotel sustentável é também mais rentável, tendo em consideração a experiência do grupo Bensaude.
A coleção de unidades da Bensaude, que foi certificada pela Travelife, conta oito hotéis. Sete estão espalhados por três ilhas açorianas – São Miguel, Terceira e Faial – e um último localiza-se em Lisboa. Todos os hotéis do grupo obtiveram a classificação máxima, indica a empresa. No entanto, “não podemos ficar satisfeitos com o resultado obtido. Temos de ter contínuas melhorias. Às vezes até é mais fácil atingir o topo do que manter“, considera o responsável. Até porque todos os anos são apresentados alguns critérios diferentes, também para obrigar a melhorar, indica. E há ainda o fator surpresa de algumas auditorias, que exigem o cumprimento constante dos critérios.
O que acrescenta, então, esta certificação? “Nós queremos uma certificação externa para validar exatamente aquilo que fazemos, e para dar credibilidade. Porque às vezes as pessoas de fora precisam dessa validação”, explica, ao mesmo tempo que reconhece ser difícil comunicar o que o grupo faz em termos de sustentabilidade.
Sustentabilidade além do Ambiente
A certificação Travelife, para o nível Gold (ouro), que foi atingido pelos hotéis Bensaude, pressupõe o cumprimento integral de 163 requisitos, englobando as dimensões ambiental, social e de governança.
Em termos ambientais, o grupo já fez as contas e, só em 2023, poupou água suficiente para 807 pessoas tomarem um duche diário durante um ano e eletricidade suficiente para a fornecer 17 habitações médias durante um ano. As reduções também foram expressivas no vidro, plástico, gasóleo e gás utilizados.
Mas as preocupações vão além da vertente ambiental. Em termos sociais, o diretor de operações destaca a promoção que se faz dos artigos locais. “Tudo que seja produzido cá, desde os vinhos e os queijos aos ananases e manteigas, nós promovemos“, indica. Nas ementas, por exemplo, existem sinais a distinguir os produtos açorianos. E trabalham com os respetivos fornecedores as questões ambientais e de segurança alimentar, diz. Dentro de casa, atribuem bolsas de estudante aos filhos dos colaboradores.
Açores dão ímpeto à sustentabilidade
Foi em 2019 que o grupo Bensaude começou a preparar-se no sentido de obter a certificação, conseguindo-a, pela primeira vez, no ano de 2022, já que os esforços foram algo abalados pelo contexto da pandemia de covid-19, conta Casanova. No entanto, o ímpeto de sustentabilidade já estava presente anteriormente, garante.
“O nosso grupo tem uma história de 200 anos, inserido num local que é um destino de natureza. Só pelo destino já nos envolvemos naturalmente nesses fatores [de sustentabilidade]“, explica, recordando que os Açores são o único arquipélago do mundo certificado como Destino Turístico Sustentável, ao abrigo do programa EarthCheck Destino Sustentável. “A partir do momento que o destino também teve essa responsabilidade de certificar, acho que isso passa um pouco também para o resto das entidades”, diz.
"A partir do momento que o destino também teve essa responsabilidade de certificar, acho que isso passa um pouco também para o resto das entidades.”
A Bensaude Hotels Collection associou-se também à iniciativa do Governo Regional, através da subscrição da Cartilha de Sustentabilidade dos Açores, instrumento através do qual os Açores obtiveram a certificação de destino Sustentável pela EarthCheck em 2019, certificação essa também reconhecida pelo Global Sustainable Tourism Council (GSTC), à semelhança da Travelife.
Confrontado com a questão de se a sustentabilidade do destino não poderá sair afetada na sequência da crescente popularidade, António Casanova acredita que não. “Há regras muito específicas” para as construções e o desenvolvimento de propriedades dentro dos Açores, em termos por exemplo das dimensões e possível localização de um novo hotel, indica. “Eu penso que nos Açores tem havido muito esse rigor”, defende. Em paralelo, assinala que existem limitações tendo em conta o reduzido potencial em termos de aviação e a pequena dimensão das ilhas.
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