BRANDS' CAPITAL VERDE Gestão sustentável dos recursos hídricos em debate no Fórum da Água

“Parte muito de mudarmos a forma como vemos a água. Dificilmente percebemos que a água é um recurso escasso, é necessário mudar pensamento e estratégia e não é isso que tem vindo a acontecer, tem vindo a haver um consumo exacerbado do recurso água. Temos de tentar perceber como podemos reduzir este consumo”. O alerta foi deixado por Maria João Costa, Coordenadora de Água da ANP, no painel “Uma gestão sustentável da água, Water Stewardship e Boas Práticas, durante o Fórum da Água, que decorreu a 19 de março no Museu da Água e Resíduos, em Sintra, um concelho que distribui, diariamente, cerca de 75 mil metros cúbicos de água e que se tem vindo a destacar pelas boas práticas no que diz respeito a este recurso.

Atualmente, Sintra regista perdas de água de 17,8%, quando, em 2014, a percentagem era superior a 40%. Para Carlos Vieira, Diretor Delegado do SMAS de Sintra, a meta é “chegar a 2025 na ordem dos 15%”, o que requer estratégia, trabalho e, obviamente, investimento. Por isso, vão ser investidos pelo SMAS 25 milhões de euros até 2028. Além disso, Carlos Vieira defende que o caminho passa também pela dessalinização: “Sintra não tem o problema de escassez como o Alentejo ou o Algarve mas a questão de resiliência do próprio sistema deve ter-se em conta. Como Sintra tem uma costa alargada, achamos que devemos fazer um estudo para equacionar uma central dessalinizadora”. Para o efeito, será realizado um estudo, que deverá estar concluído até ao final do primeiro semestre do ano.

Marta Lima, Executive Director Pacto da Água da Católica, considera que todos podemos contribuir para a redução do consumo de água mas que é imperativo haver investigação. É aí que entram as Universidades como a Católica: “Cada parceiro tem métricas muito diferentes de consumo e tentamos perceber como podemos apoiar através da investigação científica. Todos os investimentos que são feitos envolvem milhões e esses investimentos têm de ser feitos de forma económica”.

Empregadora de cerca de 1.500 pessoas, a Tabaqueira está em Sintra há 61 anos e é ali que, de acordo com diretor-geral Marcelo Nico, se sente “em casa” e se afirma como a sétima maior exportadora portuguesa. Marcelo Nico considera que a responsabilidade perante o concelho de Sintra é, por isso, acrescida, “quanto às pessoas, ao aspeto social e também, e fundamentalmente, ao ambiente”, e destaca ainda a importância do Fórum da Água para “falar, partilhar experiências, perceber como se pode continuar a evoluir e a melhorar”. Atualmente, a Tabaqueira é a única fábrica portuguesa certificada com a Alliance for Water Stewardship. A obtenção da certificação nesta norma assegura a conformidade no que diz respeito à boa governança da água, ao balanço hídrico sustentável, à boa qualidade e à segurança da água. Para João Brígido, Diretor da Fábrica da Tabaqueira, essa distinção não significa relaxamento mas sim um trabalho constante. “Temos um compromisso muito grande com a sustentabilidade, está na base do nosso conceito de gestão. Temos sustentabilidade em todas as suas vertentes e o ambiente não é exceção. Somos a única empresa portuguesa a ter a Alliance for Water Stewardship, que exige um trabalho contínuo”, refere, acrescentando que a “Tabaqueira, desde 2010, reduziu em cerca de 75% a pegada carbónica”.

Coube a Pedro Ventura, da Câmara Municipal de Sintra, o encerramento do Fórum da Água. Para o Vereador com o pelouro da Sustentabilidade Ambiental e da Transição Energética, o principal desafio da rede de água do concelho ainda se prende com a sua dimensão, que, por ser demasiado extensa, exige um “esforço significativo para tornar todos os serviços municipalizados mais eficientes”. Pedro Ventura considera ainda que a qualidade da água, sobretudo dentro das habitações, também deve ser encarada como “uma questão de saúde pública”.

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