2% do capital de risco para mulheres. “Alguma coisa está a correr mal”
O ECO está a promover uma série de conversas sobre o papel das mulheres que apelidou de "Mulheres com ECO". Desta vez, o painel foi sobre a participação feminina no ecossistema de empreendedorismo.
Há números que falam por si. Das mais de quatro mil startups que existem em Portugal, 86,1% são lideradas ou geridas por homens. Startups fundadas ou cofundadas por mulheres são raras. E levantar capital – já de si uma tarefa difícil – nas startups lideradas por mulheres é ainda mais desafiante.
“A nível mundial só 2% do capital de risco vai para se investir em mulheres founders”, constata Inês Sequeira. “Alguma coisa está a correr mal.” Por isso, a diretora da Casa do Impacto, a incubadora da Santa Casa da Misericórdia da qual foi fundadora, não tem dúvidas que tal como as quotas “são um mal necessário”, também linhas de financiamento para incentivar o empreendedorismo feminino fariam sentido.
O ecossistema sofre de um problema de diversidade do lado dos founders. Mas também de quem decide investimento. “Quando um investidor entra numa empresa é importante haver elementos comuns, haver empatia, partilha de perspetivas”, diz Rita Casimiro, diretora da Maze. “Não quer dizer que seja necessariamente a mulher o melhor género para empatizar com as empreendedoras, mas é importante que haja um equilíbrio do lado do decisor para entender”, continua. Exemplo talvez maior dessa falta de entendimento é o pouco capital canalizado para as femtech.
Mas há já quem exige uma mulher do lado de quem decide no pitch. “É uma pressão para que a mudança ocorra. É um statement, mas que vem com uma questão muito pragmática de valor acrescentado”, diz. Dados da Invest Europe apontam que há cerca de 19% de mulheres na gestão de fundos de investimento em Portugal.
Muitas vezes Joana Rafael, uma de quatro fundadores da Sensei, é a única mulher na sala. “Uma mulher tem de ter confiança no seu papel. Não nos devemos sentir menores”, diz. “As estatísticas mostram que as empresas mais bem sucedidas têm mulheres nos seus boards e lideranças”, aponta.
Hoje na Sensei, as mulheres são cerca de 30% da equipa de 66. “Nos nossos pipelines de recrutamento, as mulheres que se candidatam são muito poucas. Temos de ir à procura delas porque são um bocadinho avessas ao risco”, diz.
E deixa um apelo. “Que as mulheres se candidatem a trabalhar em startups, fundos de investimento, queiram ser empreendedoras. Cheguem-se à frente porque é, realmente isso, que a sociedade precisa.”
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