Von der Leyen acusada de favorecer eurodeputado para representar PME

Numa altura em que faltam apenas dois meses para as eleições europeias, às quais concorre como spitzenkandidat pelo Partido Popular Europeu (PPE), a presidente do Executivo comunitário, Ursula von der Leyen, está a ser acusada de favoritismo por membros da sua equipa de comissários, revela o Politico.

Em causa está a nomeação do eurodeputado alemão Markus Pieper, membro da União Democrata-Cristã da Alemanha (CDU, na sigla em alemão) – o mesmo partido de von der Leyen –, para o cargo de representante para as pequenas e médias empresas (PME), embora duas mulheres, ambas candidatas pré-selecionadas para o posto, tenham alegadamente obtido melhores resultados nos testes durante o processo de seleção.

Preocupados com a transparência da nomeação, quatro comissários – o vice-presidente da Comissão e Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell; Nicolas Schmit (com a pasta do Emprego e Direitos Sociais e que concorre às europeias como spitzenkandidat dos Socialistas & Democratas); Paolo Gentiloni (com a pasta da Economia); e Thierry Breton (com a pasta do Mercado Interno) – têm pedido esclarecimentos a Ursula von der Leyen.

Esta terça-feira, a líder da Comissão Europeia foi questionada em Berlim sobre a polémica nomeação. “Todos os processos são claros, limpos e transparentes, e é por isso que o representante das PME tem uma posição forte“, respondeu.

Antes, o comissário europeu do Orçamento, Johannes Hahn, já tinha tentado responder às preocupações levantadas pelos seus colegas, afirmando, numa carta datada desta segunda-feira, que “o género e o equilíbrio geográfico são considerações de política geral, mas não substituem o mérito como critério principal”.

Saindo em defesa da nomeação de Markus Pieper, Johannes Hahn disse que esta foi efetuada de acordo com as regras e a “prática estabelecida”. Pieper foi escolhido como o melhor candidato “com base na sua vasta experiência e no seu historial no domínio das PME” e a seleção foi feita “dentro da margem de discrição habitual para nomeações de tão alto nível”, assinalou.

Para Josep Borrell, Nicolas Schmit, Paolo Gentiloni e Thierry Breton, porém, a carta de Hahn não responde às suas dúvidas sobre a transparência e a imparcialidade do processo. “É essencial que a resposta abranja todas as questões levantadas pelos membros do Parlamento Europeu“, escreveram os quatro comissários numa carta, apelando novamente a uma troca de impressões sobre o assunto “muito em breve”.

O colégio de comissários encontra-se na quarta-feira para a habitual reunião semanal. Segundo afirmou esta terça-feira o porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer, a presidente von der Leyen “está muito satisfeita com o facto de o colégio poder debater este assunto amanhã, para discutir os procedimentos de nomeação de funcionários de alto nível”.

Simultaneamente, o Parlamento Europeu está a planear votar uma emenda para revogar a nomeação de Markus Pieper já na quinta-feira.

Ao Politico, o secretário-geral do Partido Socialista Europeu (PSE) disse que a contestação dos quatro comissários não foi uma “jogada de campanha”, tendo sido assinada pelo candidato principal do S&D, Nicolas Schmit, e por dois outros socialistas, bem como por Breton, um liberal próximo do Presidente francês, Emmanuel Macron — que, até agora, não anunciou apoio a von der Leyen para um segundo mandato em Bruxelas.