Depósitos estruturados regressaram em força mas maioria rendeu menos de 0,1%

Os depósitos estruturados voltaram em força no ano passado. Banca mais do que duplicou a oferta. Foram aplicados mais de três mil milhões neste produto financeiro. Mas a maioria rendeu menos de 0,1%.

Os depósitos estruturados regressaram em força no ano passado. Por um lado, os bancos aumentaram a oferta deste tipo de produtos à boleia da subida das taxas de juro. Mas a procura também disparou, com os investidores a aplicarem mais de três mil milhões de euros. Ainda assim, a remuneração deixou muito a desejar: a maioria rendeu menos de 0,1%.

Em queda desde 2015, o número de depósitos estruturados voltou a crescer em 2023: foram comercializados 89 depósitos estruturados, mais 52 do que em 2022, o que corresponde a um aumento de 140,5%, indica o Banco de Portugal no Relatório de Supervisão Comportamental divulgado esta quarta-feira.

O supervisor explica que o aumento da oferta resultou “do acréscimo de depósitos comercializados pela maioria das instituições que já ofereciam este tipo de depósitos e do aumento do número de instituições que comercializaram depósitos estruturados (de seis em 2022 para dez instituições em 2023)”.

Há um dado que ajuda a perceber esta dinâmica comercial dos bancos: a subida pronunciada das taxas de juro, que reduziu o custo que as instituições suportam com a estruturação deste tipo de produto, designadamente a componente de capital. Este contexto permite aos bancos “aumentar a gama e a atratividade das estruturas de remuneração que podem oferecer aos seus clientes, o que se refletiu num maior número de depósitos estruturados”, refere o Banco de Portugal.

Além da oferta, também a procura cresceu de forma expressiva. Foram aplicados mais de três mil milhões de euros nestes produtos no ano passado, mais de quatro vezes mais do que em 2022. O número de depositantes aumentou pelo terceiro ano seguido, fixando-se em 68 mil depositantes.

Em termos médios, cada depositante particular (correspondendo a 99% do total de depositantes) aplicou 43 mil euros e o cliente empresarial (1,0%) investiu 124 mil euros.

Os depósitos estruturados são depósitos a prazo cuja remuneração depende, total ou parcialmente, da evolução de instrumentos financeiros ou de variáveis económicas ou financeiras relevantes, como ações, índices acionistas ou preços de matérias-primas.

A maioria (cerca de 96%) dos depósitos estruturados comercializados em 2023 tinha a remuneração associada à evolução do mercado acionista (100% em 2022), sendo comercializados em euros, detalha o Banco de Portugal.

Dos 55 depósitos estruturados vencidos em 2023, a totalidade tinha a remuneração associada à evolução do mercado acionista. A maioria (89,1%) pagou uma taxa anual nominal bruta (TANB) igual ou inferior a 0,1%. Os restantes depósitos apresentaram uma TANB entre 0,25% e 3%.

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