Kenneth Rogoff: “É muito pouco comum Portugal não ter tido um perdão de dívida”
O professor de economia de Harvard considera que alguma da dívida pública portuguesa deveria ter sido perdoada. Kenneth Rogoff considera ser pouco comum isso não ter acontecido.
A situação atual da Europa continua a não ser estável. Quem o diz é Kenneth Rogoff, que classifica o salvamento da economia fruto da diminuição das taxas de juro como uma incerteza para o futuro. Em entrevista ao Jornal de Negócios (Acesso pago), o professor de economia de Harvard disse que a União Europeia não está preparada para um novo choque. Está otimista com a França, pessimista com Itália e, quanto a Portugal, diz ser “muito pouco comum” não ter tido um perdão de dívida.
Claramente, num contexto normal, alguma desta dívida já teria sido perdoada.
“Claramente, num contexto normal, alguma desta dívida já teria sido perdoada”, respondeu o professor de economia, referindo que “numa situação destas ou se consegue um perdão de dívida através de mais inflação ou através de um perdão direto”. Rogoff deu como culpada a Alemanha por travar os perdões — “porque não os podia admitir politicamente” — e disse a única alternativa Portugal já não a controla: “Se Portugal tivesse taxa de câmbio própria podia depreciar o escudo e isso funcionaria como um default“.
De Portugal para a Europa, a opinião é direta: “Continuo a achar que não é uma situação estável”. Para o professor de Harvard, o que salvou a economia mundial foi uma “queda global” das taxas de juro. Contudo, argumenta que essa descida não teve razões explícitas. “Aquilo que salvou o dia foi a queda global das taxas de juro sem sabermos exatamente porquê. E se não sabemos as razões, não sabemos se podem mudar”, concluiu.
O investimento deveria ser tratado como uma categoria separada e a Zona Euro devia ser mais flexível a dobrar as regras.
Dada a instabilidade que ainda diz existir, Kenneth Rogoff prevê que a próxima crise económica venha da Ásia, provocada por uma crise financeira na China. Nesta ótica, o professor de economia considerou que neste momento “faz sentido ser mais flexível”, referindo-se à Comissão Europeia, e que “o investimento deveria ser tratado como uma categoria separada e a Zona Euro devia ser mais flexível a dobrar as regras”.
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