Investimento e exportações pesam no PIB mas arranque do ano foi positivo

Economia desacelerou no primeiro trimestre, em termos homólogos, mas mesmo assim cresceu acima da média da Zona Euro. Investimento e exportações são fatores de preocupação.

A estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística mostrou que a economia portuguesa começou o ano a crescer, ainda que com uma desaceleração. Economistas ouvidos pelo ECO alertam para os efeitos do abrandamento das exportações e do investimento, mas apontam que é positivo nesta conjuntura se ter verificado na mesma um crescimento e novamente acima da média da Zona Euro.

Os dados mostraram que o PIB de Portugal cresceu 1,4% no primeiro trimestre face ao período homólogo, o que se traduz numa desaceleração. Já na comparação trimestral, a economia avançou 0,7%, o que representa uma estabilização face ao trimestre anterior.

Como explica o diretor do Gabinete de Estudos do Fórum para a Competitividade, Pedro Braz Teixeira, ao ECO, esta desaceleração em termos homólogos deveu-se a um “efeito base”, já que o primeiro trimestre de 2023 teve um crescimento de 1,5% que foi “muito excecional e era difícil de repetir”.

Admite ainda assim que o crescimento de 0,7% em cadeia, igual ao trimestre anterior, é “significativo”. Se este crescimento fosse o mesmo nos quatro trimestres do ano, daria um crescimento de 2,8%, o que está “muito acima do que qualquer previsão para o conjunto do ano”, nota.

Ricardo Ferraz, investigador no ISEG e professor na Universidade Lusófona, também destaca ao ECO que “é positivo que temos arrancado o ano a crescer” e “acima da média da Zona Euro, tanto em termos homólogos como em cadeia”.

No entanto, alerta que “é preciso ter cautelas”, já que “é facto que tanto o investimento como as exportações estão a desacelerar”. “O comportamento desta última indicia uma conjuntura que ainda não é a melhor, apesar de estar a melhorar”, nota, como se vê pelo facto de que “há países que estavam em recessão técnica e já não estão (como a Irlanda) e o PIB alemão também cresceu”.

Pedro Braz Teixeira partilha destes receios, salientando que o Fórum para a Competitividade não vai mudar a previsão para o conjunto do ano, até porque apesar do crescimento ser razoável, a composição “já não é tanto”. A procura externa líquida “foi positiva ainda que as exportações tenham caído: foram as importações que ainda caíram mais”, o que “não é inteiramente positivo”.

Já em relação à procura interna, “houve uma redução no investimento, o que não é muito favorável”. Tal pode estar relacionado com a execução do Plano de Recuperação e Resiliência, que pode ter sofrido com o Governo em gestão no início do ano, além de que a “incerteza política fez adiar uma serie de decisões de investimento”. E esta incerteza “não ficou resolvida com as eleições”, alerta.

Ricardo Ferraz também salienta que “é preciso que haja uma aceleração da execução do PRR”, que seria até “fundamental para puxar pelas empresas”, numa “conjuntura instável” que pode dar “menor incentivo a que as empresas se comprometam com investimentos”.

O economista defende ainda que “para não ficarmos para trás quando os grandes motores arrancarem, temos de pensar no futuro” e para tal seria benéfico um “plano de reformas estruturais que seja transversal a toda economia”.

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