Exclusivo BCP vende dívidas da Inapa e promotora do Autódromo do Algarve

Dívidas da Inapa e Parkalgar, com o valor de 80 milhões de euros cada, estão a ser vendidas na carteira de malparado que o BCP colocou à venda nas últimas semanas.

O BCP está a vender as exposições problemáticas que tem junto da Inapa e da Parkalgar, a promotora do Autódromo Internacional do Algarve (AIA), com o valor contabilístico bruto (sem imparidades) de cerca de 80 milhões de euros cada uma, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO junto de fontes do mercado.

As dívidas das duas empresas integram a carteira de crédito malparado designada “Projeto Spring” que o banco liderado por Miguel Maya colocou no mercado nas últimas semanas, com o valor global de 265 milhões de euros, conforme o ECO adiantou na semana passada.

Esta não é a primeira vez que o BCP procura desfazer-se dos créditos tóxicos relacionados com a distribuidora de papel liderada por Frederico Lupi e com a Parkalgar, e também não é certo que o consiga fazer nesta operação, disse uma das fontes.

O banco não respondeu até à publicação deste artigo.

Frederico Lupi, CEO da InapaInapa

Banco já vendeu 25% da Inapa

Em relação à Inapa, onde chegou a deter uma participação de 30%, o banco vendeu quase 9% das ações ao longo do ano passado, mas ainda mantinha uma participação (que passou a ser não qualificada) de cerca de 4,7%, avaliada em menos de um milhão de euros a preços de mercado.

O relatório e contas de 2023 da Inapa dava conta de financiamentos bancários contraídos junto do BCP de 85,987 milhões de euros.

Com 1.400 trabalhadores, dos quais duas centenas em Portugal, a Inapa tem vindo a acelerar a execução do seu plano de reestruturação que passa pelo fecho de armazéns logísticos e saída de pessoal, sobretudo na Alemanha, onde emprega 800 funcionários, perante o declínio do negócio do papel – as vendas neste segmento caíram quase 23% no ano passado.

A Inapa fechou o ano passado com prejuízos de oito milhões de euros, devido às “condições de crédito mais exigentes” – taxas de juro mais elevadas — que penalizaram os resultados financeiros. Para atenuar a quebra das vendas de papel, a empresa pretende reforçar a aposta nos negócios de embalagem (packaging) e comunicação visual (viscom).

A Parpública é o maior acionista da Inapa com 44,89% do capital da empresa, seguindo-se a Nova Expressão (10,85%) e o Novobanco (6,55%).

Já perdoou 20 milhões na Parkalgar

Quanto à Parkalgar, o BCP já aceitou um perdão de dívida superior a 20 milhões de euros há mais de dez anos no âmbito de um Processo Especial de Revitalização (PER) da gestora do AIA.

Na sequência desse haircut, a exposição do banco junto da gestora do autódromo algarvio inaugurado em 2008 baixou dos 117,4 milhões de euros para 94,3 milhões.

As últimas contas disponibilizadas pela plataforma InformaDB relativas a 2019 dão conta de um passivo de 104,3 milhões de euros, com 81,9 milhões relativos a financiamentos obtidos. Nesse ano, antes da pandemia, as vendas caíram para 10,1 milhões e o resultado inverteu-se para negativo: teve prejuízos de quase 800 mil euros.

Naquele ano, a estrutura acionista da Parkalgar tinha dois grandes acionistas: Manuel Niza e Paulo Pinheiro (mentor do projeto do autódromo), ambos com mais de 30% do capital. O Estado detinha quase 12% através da Portugal Ventures.

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