EDP Renováveis corta plano de investimento até 2026 em 3 mil milhões

A energética reviu ainda o plano de aumento de capacidade para cerca de 3 Gigawatts por ano em 2025 e 2026, face à anterior meta de cerca de 4 GW por ano. Ações invertem e disparam 5%.

Pressionada pela forte queda dos preços da energia, especialmente na Europa, e a manutenção de um ambiente de taxas de juro altas, entre outros fatores, a EDP Renováveis EDPR 1,09% esta quinta-feira reviu em baixa as metas do plano estratégico até 2026.

“O contexto do mercado alterou-se rapidamente no período dos +últimos 12 meses, o que levou a uma recalibração dos objetivos de investimento para 2025-2026 apresentados ao mercado em março de 2023″, afirmou a empresa, numa apresentação divulgada no site da CMVM.

Essas alterações incluíram “uma diminuição dos preços da eletricidade a prazo na Europa, taxas de juro mais elevadas durante mais tempo, pressionando o custo do capital e desafios no fornecimento de capacidade em 2023, com impacto no fluxo de caixa”, adiantou.

Em teleconferência com os analistas, Miguel Stilwell de Andrade, CEO da EDPR (e da EDP, maior acionista de renovável com 71,27% do capital) explicou em maior detalhe a decisão de rever algumas metas do plano estratégico.

Temos de reconhecer que o mercado mudou drasticamente nos últimos 12 meses, em termos de preços da energia e de expectativas quanto ao custo do capital”, referiu.

Adiantou que a EDPR tem um cenário “positivo” em termos de carteira e de crescimento da procura, mas, ao mesmo tempo, está muito consciente “do que se passa no mercado e assistimos a uma descida significativa dos preços da eletricidade a prazo na Europa, em especial nos últimos meses, o que tem impacto nas nossas receitas esperadas devido a alguma exposição aos preços grossistas da eletricidade na Europa”.

Sublinhou que “é também consensual que continuaremos a assistir a juros mais elevados durante mais tempo, particularmente nos EUA, enquanto na Europa, parece haver alguns indícios ou expectativas de que haverá alguma descida nos próximos meses”, explicando que “globalmente, isto significa que houve um aumento do custo do capital, e nós reconhecemos esse facto”.

Não estamos a ignorar estes sinais e pressupostos do mercado, pelo que estamos a recalibrar os nossos objetivos para 2023, que pensamos que maximizarão a criação de valor para os acionistas.

Miguel Stilwell de Andrade

CEO da EDP e da EDPR

Antes do anúncio da revisão das metas, as ações da EDPR caiam 0,66% para 13,63 euros, Às 15h39 o desempenho já tinha invertido, com uma subida de 4,74% para 14,37 euros. Os títulos da empresa acumulavam (até ao fecho de quarta-feira) um tombo de 25,42% desde o início do ano.

Os títulos da EDP sobem 2,35% para 3,707 euros, numa sessão em que o índice PSI avança 1,53%.

A empresa liderada por Miguel Stilwell de Andrade vai investir (em termos líquidos, financiado por fluxo de caixa e dívida líquida) 4 mil milhões de euros entre 2024 e 2026, menos 3 mil milhões do que no anterior plano (apresentado em março de 2023).

O investimento bruto (total, que inclui financiamento via rotações de ativos e receitas do sistema Tax Equity Investors) irá atingir os 12 mil milhões de euros. Quase metade (47%) irá ser destinado à America do Norte, enquanto um quarto será dirigido para a Europa.

Em termos de tecnologia, 55% do investimento irá ser projetos de energia solar, 20% em éolica, 16% em eólica offshore, e 9% em baterias.

A energética adiantou que reviu o plano de aumento de capacidade instalada para uma média de cerca de 3 Gigawatts (GW) por ano em 2025 e 2026, da qual 84% na Europa e nos EUA, o que compara à anterior meta de instalar mais de 4 gigawatts anualmente.

Entre 2024 e 2026 a empresa prevê adicionar 10 GW de capacidade, mas sublinha que 70% desse crescimento já está assegurado e em vias de ser implantado, faltando garantir 3 GW a serem garantidos.

Lucro recorrente de 700 milhões em 2026

Em termos de projeções de EBITDA recorrente- lucros antes de juros, impostostos, depreciações e amortizações – a prevê agora que atinja 1,9 mil milhões de euros este ano e 2,4 mil milhões em 2026, o que representaria uma subida anual composta de 9% entre 2023 e 2026, ou 15% sem contabilizar a rotação de ativos.

A EDPR adiantou que deverá acabar este ano com lucro líquido recorrente de cerca de 400 milhões de euros este ano, abaixo dos 500 milhões de 2023, mas espera recuperar nesta rubrica para cerca de 700 milhões em 2026.

A dívida líquida, que terminou o primeiro trimestre no 6,7 mil milhões de euros, deverá estar em cerca de 7 mil milhões no final do ano, mesmo que valor que o previsto para o final de 2026.

Em relação à remuneração acionista, a EDPR promete uma “política de dividendos atrativa através do programa Scrip Dividend [no qual oferece aos acionistas a possibilidade de usar os dividendos para participar em aumentos de capital], com um rácio de pagamento [face aos lucros] de 30-50%”.

A EDPR anunciou antes da abertura da bolsa esta quinta-feira que o lucro líquido subiu 4% para 68 milhões no primeiro trimestre do ano, impulsionado por descidas nos custos financeiros líquidos e nos interesses não controláveis.

(Notícia atualizada às 15h40)

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