Fernando e Sandra Madureira suspeitos de lucrar com venda de bilhetes falsos

As autoridades suspeitam que foram desviados fundos dos cofres do FC Porto para responsáveis dos Super Dragões, nomeadamente Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, e a sua mulher Sandra.

Dez arguidos constituídos, milhares de bilhetes apreendidos e em causa crimes de distribuição e venda de ingressos falsos e abuso de confiança qualificada. Este foi o resultado das buscas realizadas este domingo no estádio do Dragão, no Porto, numa investigação liderara pelo DIAP do Porto, em que Fernando Madureira, líder da claque dos dragões e a mulher, Sandra Madureira, são suspeitos de lucrar com a venda de bilhetes do FC Porto.

Segundo o que o ECO apurou, em causa uma atividade ilícita altamente rentável entre funcionários do clube e elementos da claque Super Dragões. O DIAP do Porto investiga mais quatro elementos dos Super Dragões, quatro funcionários do FC Porto, um diretor e um administrador do grupo do clube azul e branco.

Segundo as suspeitas do Ministério Público, as autoridades suspeitam de uma alegada colaboração e cumplicidade de funcionários do FC Porto na comercialização de bilhetes e de bilhetes falsos, mas também de representantes de órgão sociais do FC Porto que cessaram recentemente o seu mandato, em função do mandato de buscas apontar para “abuso de confiança qualificado”.

A Porto Comercial é uma das várias empresas do universo do FC Porto e que tem a responsabilidade pela comercialização de direitos de imagem, sponsorização, merchandising e licenciamento de produtos do clube do dragão.

Estas buscas surgem na sequência da Operação Pretoriano que investiga os incidentes ocorridos na Assembleia Geral (AG) do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, sustentando o Ministério Público que a claque Super Dragões pretendeu “criar um clima de intimidação e medo”, para que fosse aprovada a revisão estatutária “do interesse” da então direção ‘azul e branca’, liderada por Pinto da Costa.

A 31 de janeiro deste ano, a PSP deteve 12 pessoas – incluindo dois funcionários do FC Porto e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, que continua em prisão preventiva, juntamente com Hugo Carneiro.

Em comunicado, o Futebol clube do Porto avançou as buscas “numa das participadas do grupo, a Porto Comercial, e na loja do Associado no Estádio do Dragão“, notando ainda que o clube azul e branco, agora liderado por André Villas-Boas “compromete-se a prestar todo e qualquer apoio às autoridades no desenrolar das suas diligências”, e sem avançar com mais detalhes sobre os contornos ou os propósitos das buscas.

Segundo as autoridades, a operação de venda irregular de bilhetes iniciava-se com o levantamento dos bilhetes destinados aos Super Dragões pelo seu líder, em conluio com Cátia GUedes (funcionária da loja do Associado ) e Fernando Saul (Oficial de Ligação aos adeptos do FC Porto), que estão entre os visados pelas buscas.

Fernando Madureira. HUGO DELGADO/LUSAHUGO DELGADO/LUSA

Como funcionava este esquema

A investigação suspeita que a claque dos Super Dragões, com alguma antecedência em relação aos jogos, remetia emails para a Porto Comercial indicando o número de ingressos com o nome dos filiados que necessitava relativo à área reservada no estádio para a claque.

Ora, a venda irregular acontecia com o levantamento dos bilhetes por parte de Fernando Madureira — através do Porto Estádio ou através de vários dirigentes do FC Porto — e por Fernando Saul enquanto facilitador de não retorno dos bilhetes levantados por Madureira, o que permitia que este ficasse com os bilhetes e o valor pago pelos mesmos.

A investigação está a tentar apurar, agora, se esse valor referente aos bilhetes emitidos são entregues ao FCP, na totalidade ou apenas em parte. Caso se concretizem essas suspeitas, será uma vantagem ilegítima de valores por parte dos suspeitos e que prejudica o FCP.

O DIAP do Porto considera ainda que, de toda a prova reunida, não existem dúvidas que são várias as pessoas com lucros consideráveis referente à venda irregular de bilhetes que lesa claramente o FCP e o Estado, o que é conhecido e aceite no seio do clube como moeda de troca pelo apoio da claque ao clube. Tal enriquecimento é evidenciado pelos sinais exteriores de riqueza aquando a detenção do casal Madureira, que não se coadunam com os rendimentos obtidos na atividade profissional que exercem.

As autoridades judiciais defendem ainda, tal como o ECO apurou, que atualmente as linhas orientadoras do circuito de venda irregular de bilhetes são feitas através de um contacto formal da Associação Super Dragões, via whatsapp, que funciona como um balcão para pedir, pagar e recolher os bilhetes pretendidos. Assim, os interessados enviam para este grupo o número de bilhetes pretendidos e recebem confirmação por mensagem em que é indicado o método de pagamento.

As buscas acontecem horas antes de o FC Porto, terceiro classificado da I Liga, com 66 pontos, receber o ‘vizinho’ Boavista, 14.º, com 31, a partir das 20:30, no dérbi portuense da 33.ª e penúltima ronda, sob arbitragem de Artur Soares Dias, da associação do Porto.

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