Comey confirma “campanha massiva” do governo russo para manipular eleições dos EUA
A Casa Branca "difamou" James Comey e afastou-o por "nenhuma razão", acredita o antigo diretor do FBI, demitido por Donald Trump.
O antigo diretor do Federal Bureau of Investigation (FBI), James Comey, afastado do cargo por Donald Trump, está a depor, esta quinta-feira, sobre os eventos que levaram à sua demissão. Questionado sobre se tem alguma dúvida de que o governo russo tentou manipular as eleições norte-americanas, James Comey é claro: “nenhuma”. Houve, aliás, uma “campanha massiva” de ciberataques, por parte de entidades russas, para influenciar as eleições que Donald Trump venceu, garante o antigo líder do FBI.
"A Casa Branca escolheu difamar-me. Com este caso, entendi que poderia ser despedido por qualquer razão, ou por nenhuma razão.”
Nas declarações iniciais, antes de ser questionado pelos senadores, James Comey decidiu não repetir o depoimento escrito que enviou ao Senado ainda na quarta-feira, mas quis deixar novas mensagens para reforçar o seu entendimento sobre a atuação de Donald Trump. “A Casa Branca escolheu difamar-me. Com este caso, entendi que poderia ser despedido por qualquer razão, ou por nenhuma razão. As explicações dadas pelo presidente para justificar a minha demissão confundiram-me e preocuparam-me. E confundiram-me porque tivemos múltiplas discussões sobre o meu trabalho e, em todas elas, o presidente disse que eu estava a fazer um excelente trabalho e que esperava que eu ficasse”, admitiu James Comey.
Depois desta declaração inicial, o senador republicano Richard Burr foi o primeiro a questionar James Comey. O foco das perguntas foi o envolvimento da Rússia nas eleições norte-americanas. “Tem dúvidas sobre o envolvimento russo nas eleições norte-americanas? Tem dúvidas de que o governo russo esteve envolvido nessa interferência? Tem dúvidas de que os oficiais do governo estavam conscientes dessa interferência?”. A todas estas perguntas, a resposta foi a mesma: “Nenhuma”.
Já sobre a possibilidade de algum voto ter sido alterado nas últimas eleições presidenciais norte-americanas, James Comey rejeita a ideia. “Estou confiante” de que isso não aconteceu, afirmou.
Ainda assim, garante, a Rússia levou a cabo uma “campanha massiva”, através de ciberataques, para influenciar o resultado das eleições. Segundo Comey, foi a partir do final do verão de 2015 que essa interferência se tornou mais evidente. Por essa altura, relata o antigo diretor do FBI, os russos tentaram invadir os servidores de milhares de entidades públicas norte-americanas. O governo de Barack Obama terá tentado impedir esses ciberataques, diz ainda Comey.
Sobre a relação com Donald Trump, Comey recorda que começou a tirar notas escritas depois de cada encontro ou conversa com o presidente norte-americano. “Estava genuinamente preocupado com a possibilidade de ele mentir sobre os encontros”, reconhece.
"Se fosse mais forte, talvez tivesse parado [Donald Trump]. Fiquei tão chocado com a conversa que simplesmente fiquei a ouvi-lo.”
Já sobre a reunião que acabou por levar à sua demissão, na qual Trump disse “espero que possa deixar passar isto, deixar passar o Flynn”, James Comey explica que não travou o presidente porque se sentiu chocado. “Se fosse mais forte, talvez o tivesse parado. Fiquei tão chocado com a conversa que simplesmente fiquei a ouvi-lo. Disse que concordava que Flynn é uma boa pessoa, em vez de dizer que concordava com o que o presidente estava a dizer”, recordou.
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