BRANDS' CAPITAL VERDE Green is the new black
O “sustentável” é muito mais que moda e incómodo regulatório; é sobretudo uma oportunidade de negócio para as próximas décadas.
Apesar de por vezes “o sustentável” e “o ESG” serem vistos como uma moda e um incómodo regulamentar, a ciência mostra que este é um paradigma que tem de permanecer connosco se queremos assegurar o nosso futuro (mais ou menos) como o conhecemos.
Nesse sentido, a mobilização de Bancos Centrais e instituições supragovernamentais ao longo das últimas décadas tem-se traduzido no acelerar da regulamentação, em particular, climática. Os custos regulatórios são baixos quando comparados com os impactos físicos das alterações climáticas e com o materializar de riscos de transição, cada vez mais inevitáveis e potencialmente mais abruptos à medida que vamos esgotando o nosso orçamento carbónico. Mas estes ainda são desafios considerados longínquos – para já, o foco ainda está nos custos de adaptação regulatória.
Os bancos têm também sido colocados no papel central em termos de financiamento da transição verde. Este é um caminho que têm percorrido, com hesitação, em particular pelo potencial sacrifício de rentabilidade de curto prazo, pela natureza não vinculativa das expectativas que têm sido emitidas para o setor e pela incerteza na gestão dos riscos climáticos. Além das orientações específicas do setor bancário, também a CSRD levanta inúmeros desafios ao nível da recolha de dados, da avaliação da cadeia de valor ou da análise da dupla materialidade.
Mas… e se escolhermos ver as oportunidades?
Diversos estudos defendem que os millennials (geração nascida entre 1980 e 1996) e os Gen Z (geração nascida desde 1997) são mais sensíveis às alterações climáticas e à componente social dos negócios; estes são os atuais e futuros investidores, empresários e clientes de private banking e de crédito habitação. E são as gerações que ditam a perda da “licença social para operar”.
Interessa, e muito, capturar as oportunidades de negócio que as suas preferências representam para ganhar o negócio para o futuro e garantir a reputação – até porque estas preferências, felizmente, colocam os bancos no bom caminho para capturar as macrotendências e para corresponder ao atual e futuro quadro regulatório (passando por stress tests, Green Asset Ratios, eventuais Green Supporting Factors, entre outros).
A nível mundial, o investimento sustentável teve um crescimento de 20% entre 2020 e 20221. Há mercado para comercializar e emitir ativos sustentáveis, e a procura tem-se mantido considerável, mesmo num contexto de contração do investimento. À medida que os millennials e Gen Z obtêm património, aumentam as oportunidades.
O financiamento da transição e adaptação, um investimento anual mundial que a ONU estima de 1 bilião de dólares2, representa oportunidades inigualáveis de negócio. Um estudo da UE identifica que apenas 35% das PMEs europeias que investiram em projetos de sustentabilidade foram financiadas por bancos3. Também os apoios públicos ao financiamento da transição energética representam oportunidades; por exemplo, a Diretiva Desempenho Energético dos Edifícios, em discussão ao nível do Conselho e do Parlamento Europeu, prevê a necessidade de investimento na eficiência energética de praticamente todos os edifícios, e será previsivelmente acompanhada de apoios europeus.
Há um mundo de oportunidades. Não estamos (só) na moda – green is the new black.
Resumo
Apesar de por vezes o “sustentável” ser visto como pouco mais que uma moda e um incómodo regulamentar, a ciência demonstra que é o novo paradigma que tem de permanecer connosco. As empresas e os bancos têm incerteza sobre como navegar nesta nova realidade. Mas, olhando para além da regulamentação climática, social e de governo, há um mundo de oportunidades de negócio ESG para ganhar as próximas décadas – e os clientes do futuro valorizam a sustentabilidade e vão selecionar as empresas e bancos que correspondem às suas expectativas.
Mariana Coelho, Manager EY, Consulting Financial Services
1 Excluindo USA. GSIA-Report-2022.pdf (gsi-alliance.org)
2 The trillion dollar climate finance challenge (and opportunity) | UN News
3 Platform on Sustainable Finance report on a compendium of market practices (europa.eu)
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