Promoção de 141 inspetores do trabalho “prejudicada desde maio” por “entendimento inédito” do Governo
Sindicato avisa que inspetores que venceram concurso de promoção na ACT já deviam ter sido nomeados, mas entendimento da secretaria do MTSSS está a atrasar.
A polémica está instalada em torno de um concurso de promoção na Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). Venceram 141 inspetores do trabalho, mas estes continuam à espera de mudar de categoria por causa de um “entendimento inédito” da secretaria-geral do Ministério do Trabalho. Em declarações ao ECO, a presidente do Sindicato dos Inspetores do Trabalho (SIT) alerta que esses funcionários estão a ser prejudicados, nomeadamente, em termos salariais. Ao ECO, o gabinete do secretário de Estado indicou, entretanto, que os recursos hierárquicos (que estavam a impedir a promoção) foram tratados esta sexta-feira, o que significa que a resolução deste problema está agora em curso.
“Houve um concurso de promoção para a carreira de inspetor principal. Não houve vagas para todos e, por isso, houve recursos hierárquicos para a secretaria-geral do Ministério do Trabalho“, começa por explicar Carla Cardoso, em conversa com o ECO. No total, foram interpostos cinco recursos hierárquicos, sendo que o último foi remetido pela ACT a 9 de abril, detalha a sindicalista.
Segundo conta ao ECO a presidente do SIT, a partir de dia 10 de abril deveria ter começado a contar o prazo até ao qual a secretaria-geral teria de se pronunciar, sendo expectável que, ao fim de 15 dias úteis, o efeito suspensivo cessasse e a ACT avançasse, então, no prazo máximo de dez dias, para a nomeação efetiva dos inspetores que venceram esse concurso.
No entanto, tal não aconteceu. Num entendimento inédito, a secretaria-geral do Ministério do Trabalho decidiu que o prazo só começará a contar quando ela mesma terminar a apreciação dos recursos e remeter o parecer para a ministra do Trabalho ou para o secretário de Estado do Trabalho. “Os colegas podem ter de ficar à espera ad aeternum. Isso vai claramente contra o espírito do diploma”, defende Carla Cardoso.
Entretanto, o sindicato pediu um parecer jurídico a um advogado – a que o ECO teve acesso –, que deu razão aos inspetores que estão ainda à espera. “O efeito suspensivo cessa decorridos 15 dias úteis após a receção dos recursos no Ministério, não apenas quando a secretaria-geral se pronunciar sobre os mesmos”, lê-se no parecer.
“Demos conta deste parecer à senhora ministra do Trabalho, ao secretário de Estado do Trabalho, e à ACT, mas até à data não tivemos resposta face ao que solicitamos“, denuncia Carla Cardoso, que revela que, numa reunião recente, o referido secretário de Estado sinalizou que a apreciação dos recursos “estaria para muito, muito breve”.
Entretanto, em declarações enviadas ao ECO, o gabinete do secretário de Estado do Trabalho garante que os cinco recursos hierárquicos que estavam na secretaria-geral em análise foram “despachados” ao final da tarde desta sexta-feira. “Ainda lá estavam, fomos resgatar, tratámos e assinamos. Os cinco recursos foram todos notificados pela secretaria-geral ao final da tarde”, informa o Governo. Ou seja, a resolução está agora me curso.
Segundo tinha salientado Carla Cardoso, os inspetores que venceram o concurso estavam “prejudicados desde maio”, e previa-se ainda um cenário pior, uma vez que estamos agora em junho, mês em que tradicionalmente são pagos os subsídios de férias. Sem a resolução deste impasse, estes inspetores não só iriam continuar a receber o salário sem a promoção, como não veriam o sucesso no concurso refletido nesse subsídio.
Notícia atualizada às 10h56 de dia 8 de junho com declarações do MTSSS
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