Lisboa sobe 17 posições e é a 100.ª cidade mais cara para expatriados
Valorização do euro, maior resiliência e aumento dos preços da habitação e subida dos preços dos serviços e alojamento justificam subida de Lisboa no ranking anual da Mercer.
Lisboa subiu 17 posições no ranking global da consultora Mercer sobre as cidades mais caras para trabalhadores expatriados, ocupando agora o 100.º lugar numa lista que compara o custo de vida de 226 cidades de todo o mundo. A nível europeu, a capital portuguesa mantém-se na 39.ª posição em que já se encontrava na edição do ano anterior.
A análise da Mercer de 2023 posicionava Lisboa como a 117.ª cidade mais cara para expatriados, oito posições abaixo face ao ano anterior, quando ocupava o 109.º lugar, uma queda de 26 lugares relativamente à classificação de 2021. A subida registada este ano, porém, não significa necessariamente um aumento ou um decréscimo do custo de vida em termos absolutos, significa apenas que se tornou mais cara ou mais barata em relação a outras cidades no ranking.
Ainda assim, o aumento de 17 posições da capital portuguesa pode ser explicado por alguns fatores específicos. Ao ECO, Tiago Borges, career business leader da Mercer Portugal, dá como exemplo a ligeira valorização do euro face a outras moedas, “o que levou a um aumento geral nas classificações das cidades europeias”.
Entre os fatores que justificam particularmente o movimento de Lisboa incluem-se, segundo o responsável, “a maior resiliência e até o aumento dos preços da habitação em comparação com outras geografias comparáveis, bem como o crescimento dos preços dos serviços de alojamento e restauração impulsionado pelo constante influxo de turistas em Portugal, e especialmente em Lisboa”.
Este ano, a lista — elaborada a partir da comparação entre o custo de mais de 200 itens, incluídos nas categorias de habitação, transporte, alimentação, vestuário, produtos domésticos e entretenimento –, continua a ser liderada por Hong Kong, a que se segue outra cidade asiática: Singapura.
Zurique, Genebra e Basileia, três cidades localizadas na Suíça, completam o ‘top 5’ das metrópoles com um custo de vida mais elevado a nível mundial, seguindo-se outra cidade suíça no sexto lugar, Berna. As restantes cidades do ‘top 10’, por ordem decrescente, são Nova Iorque (Estados Unidos), Londres (Reino Unido), Nassau (Bahamas) e Los Angeles (Estados Unidos).
Entre as cidades mais caras no contexto europeu encontram-se também Copenhaga (11.ª posição), Viena (24.ª posição), Paris (29.ª posição) e Amesterdão (30.ª posição), segundo o ranking da consultora, que é concebido para ajudar multinacionais e governos a determinar estratégias de compensação para os seus trabalhadores expatriados.
Por outro lado, a capital bielorrussa, Minsk, é a cidade mais barata do continente europeu para expatriados, ocupando a 212.ª posição na análise da Mercer. Sarajevo (203.ª posição), Escópia (198.ª posição), Cracóvia (175.ª posição) e Breslávia (169.ª posição) são outras cidades europeias com custos mais baixos.
Todas as cidades norte-americanas estão classificadas nas 100 primeiras posições, com sete cidades entre as 20 primeiras, enquanto a capital do Uruguai, Montevidéu (42.º lugar), é a cidade mais cara para trabalhadores estrangeiros na América do Sul. Na 58.ª posição, Sydney é a cidade mais cara da região do Pacífico, ultrapassando Noumea, na Nova Caledónia (60.ª posição), e o Dubai (15.ª posição) é a cidade mais cara do Médio Oriente.
No continente africano, as cidades mais caras são Bangui (14.ª posição), na República Centro-Africana, Djibuti (18.ª posição), capital do país com o mesmo nome, e Djamena (21.ª posição), no Chade. Lagos (225.ª posição), na Nigéria, desceu 178 lugares desde o ano passado, sendo esta a maior alteração por comparação com o ano anterior. Esta mudança deve-se sobretudo às flutuações cambiais, incluindo as repetidas desvalorizações da moeda local.
Custo da habitação e inflação entre principais fatores
Se, por um lado, o aumento do custo com habitação que se observa em diversas cidades tornou a mobilidade num desafio para as organizações, por outro, a inflação elevada está a diminuir o poder de compra e a exercer pressão sobre as políticas de compensação. De acordo com a Mercer, esta conjuntura “deverá dificultar a atração e retenção de talentos-chave”, podendo levar a um aumento dos “custos com benefícios/remunerações” e dos “custos operacionais” e à criação de “limitações à mobilidade dos colaboradores”.
“Os desafios do custo de vida têm um impacto significativo ao nível da mobilidade nas empresas multinacionais e nos seus colaboradores”, assinala o career business leader da Mercer Portugal, citado em comunicado. O responsável defende que as organizações estejam atentas “às tendências e que tenham em conta o feedback dos colaboradores, de forma a que possam gerir eficazmente o impacto destas questões”.
Ao mesmo tempo, Tiago Borges nota também que a subida do custo de vida leva a que os trabalhadores repensem as suas rotinas e reduzam despesas, “podendo mesmo obrigar a um esforço adicional para que consigam satisfazer as suas necessidades básicas”. Face a estes desafios, admite que as empresas reconsiderem a compensação associada à mobilidade, apontando como exemplos que passem a “incluir ou reforçar apoios à habitação, prestar serviços de apoio ou explorar estratégias alternativas de atração e retenção de talento”.
(Notícia atualizada às 11h43 de terça-feira, 18 de junho, com declarações de Tiago Borges sobre subida de Lisboa no ranking)
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