Viena é a cidade com melhor qualidade de vida para expatriados. Lisboa está no 39.º lugar

  • Joana Abrantes Gomes
  • 12 Dezembro 2023

Há sete cidades europeias no 'top 10' de melhores cidades para expatriados. Crise na habitação penaliza classificação de Lisboa e Porto, que surgem no 39.º e 55.º lugares do ranking da Mercer.

Desde os cuidados de saúde, a habitação e a educação aos serviços sociais e à oferta cultural, são vários os fatores que pesam na decisão de ir viver e trabalhar para outro país. A melhor escolha, de acordo com a consultora Mercer, é a cidade de Viena, por proporcionar a mais alta qualidade de vida a expatriados.

Lisboa e Porto são as únicas cidades portuguesas com lugar no ranking da Mercer e surgem na 39.ª e 55.ª posição, respetivamente. Se se tiver em conta apenas o continente europeu, Lisboa é a 24.ª cidade europeia com melhor qualidade de vida, enquanto o Porto ocupa a 33.ª posição. E, segundo apenas o critério ambiental, a classificação das duas cidades portuguesas é pior: Lisboa está na 45.ª posição e Porto na 67.ª posição.

De acordo com o estudo da consultora, o posicionamento global de Lisboa e Porto é influenciado, sobretudo, pelo facto de Portugal enfrentar uma crise habitacional, agravada pela escalada da inflação, que leva a uma oferta limitada de imóveis para arrendamento, tendo-se tornado difícil encontrar alojamento a preços acessíveis.

Comparando com o relatório anterior, há quatro anos, Lisboa estava dois lugares acima, no 37.º, e o Porto não estava listado. Num comentário enviado ao ECO, Tiago Borges indica que não se pode fazer uma leitura direta pela inclusão de novas cidades nesta edição e de novos fatores na análise, mas ressalva que, no caso de Lisboa, se pode concluir que houve “uma estabilização da posição relativa da qualidade de vida” no ranking da consultora.

Relativamente à capital portuguesa, o responsável da Mercer Portugal destaca a “oferta de opções de educação” para os filhos de trabalhadores expatriados, a rede “fiável e segura” de serviços públicos (internet, água, eletricidade, transportes), “o clima e o ambiente político e social (interno e na relação com o exterior)” como fatores que mais beneficiaram a posição global de Lisboa no ranking. Entre os aspetos que se destacaram de forma negativa, são referidos o “congestionamento de tráfego automóvel”, a “infraestrutura aeroportuária” e a “oferta pública de serviços de saúde”.

No caso do Porto, os aspetos com maior peso são “a variedade de restaurantes, a oferta de bens de consumo, a oferta de atividades recreativas e desportivas e o aspeto transversal da estabilidade política e social interna e nas relações com o exterior”. Como pontos menos positivos, surgem “a rede de transportes, o congestionamento de tráfego e a menor conectividade internacional do seu aeroporto”.

Viena é a cidade com melhor qualidade de vida para expatriados

A capital austríaca mantém a primeira posição do ranking “Qualidade de Vida” em 2023, repetindo o feito de 2019, ano em que foi publicado o último relatório da consultora, que avalia as condições de vida em mais de 450 cidades a nível mundial.

Na segunda posição surge Zurique, na Suíça, devido à sua estabilidade política, limpeza e infraestruturas de excelente qualidade. O ‘top 3’ fica completo com uma cidade no outro lado do mundo: Auckland, na Nova Zelândia, graças ao elevado nível de cuidados de saúde e ao seu dinamismo cultural. Copenhaga (Dinamarca) e Genebra (Suíça) ocupam a quarta e a quinta posições da tabela, respetivamente, o que realça ainda mais a reputação da Suíça de oferecer uma elevada qualidade de vida.

Na América do Norte, a cidade com melhor classificação é Vancouver (Canadá). São Francisco, que ocupa a 37.ª posição, é a primeira cidade dos Estados Unidos a surgir no ranking global deste ano, devido às suas infraestruturas bem desenvolvidas, ao clima agradável e à excelente qualidade do ar. Da América Latina, a cidade melhor classificada é a capital do Uruguai, Montevideu (89.ª posição).

Dubai (79.ª posição) e Abu Dhabi (84.ª posição), ambas cidades dos Emirados Árabes Unidos, lideram a classificação na região do Médio Oriente, para a qual contribuíram as suas infraestruturas modernas e comunidades de expatriados diversificadas. Já Port Louis (88.º lugar), capital das Ilhas Maurício, tem a melhor qualidade de vida no continente africano, enquanto Singapura está na primeira posição entre as cidades asiáticas e na 29.ª no ranking geral.

Das maiores áreas metropolitanas do mundo, com uma população superior a 10 milhões de habitantes, destacam-se as cidades de Paris (32.º lugar), Nova Iorque (40.º lugar) e Londres (45.º lugar). Embora sejam locais muito cobiçados por emigrantes, enfrentam vários desafios na oferta de uma boa qualidade de vida.

“O cenário global atual é afetado por tensões geopolíticas, desastres naturais e outros desafios económicos, todos eles com implicações significativas para as cidades e para a sua capacidade de atrair e reter talento. Muitos colaboradores estão a reconsiderar as suas prioridades e a avaliar a qualidade de vida que lhes é proporcionada, a eles e às suas famílias, nos lugares onde vivem e trabalham”, refere Tiago Borges, Career Leader da Mercer Portugal, citado num comunicado sobre o ranking.

Veja as 10 cidades com melhor qualidade de vida para expatriados, segundo a Mercer:

  1. Viena (Áustria)
  2. Zurique (Suíça)
  3. Auckland (Nova Zelândia)
  4. Copenhaga (Dinamarca)
  5. Genebra (Suíça)
  6. Frankfurt (Alemanha)
  7. Munique (Alemanha)
  8. Vancouver (Canadá)
  9. Sydney (Austrália)
  10. Düsseldorf (Alemanha)

 

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