Direita radical de Meloni ultrapassa liberais e torna-se na terceira força política no Parlamento Europeu
Conservadores e Reformistas Europeus conseguiram recrutar mais 11 eurodeputados para a sua bancada no Parlamento, detendo agora 83 lugares, mais três do que os liberais do Renovar Europa.
O partido Conservador e Reformista Europeu (ECR, na sigla em inglês) adotou mais 11 eurodeputados para a sua família política e ultrapassou os liberais do Renovar Europa como terceira força política no Parlamento Europeu. O partido da direita radical liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni anunciou esta quarta-feira que tem atualmente assegurados um total de 83 assentos no Parlamento Europeu, enquanto os liberais mantêm, para já, 80 lugares.
Esta reviravolta no hemiciclo em Estrasburgo surge como uma surpresa numa altura em que decorrem as negociações para os cargos de topo para a próxima legislatura. O Partido Popular Europeu (PPE), família europeia do PSD e CDS, foi o grande vencedor da corrida às urnas, acumulando 190 eurodeputados (mais 14 face a 2019), enquanto a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), família política do PS, embora tenha perdido três lugares manteve-se como a segunda força política (136 eurodeputados).
Até esta quarta-feira, o Renovar Europa, família política do Iniciativa Liberal, tinha assegurado o lugar de terceira força política no Parlamento Europeu apesar de ter perdido o maior número de deputados com as eleições de 9 de junho. Ao todo, a bancada dos liberais perdeu 22 eurodeputados, passando a ocupar 80 lugares.
Com estes resultados, os cargos de topo ficam assim distribuídos pelos três maiores grupos: o mandato da presidência da Comissão Europeia fica nas mãos dos social-democratas, que propõem a recondução de Ursula von der Leyen, enquanto a presidência do Conselho Europeu fica para os socialistas e o alto representante da União Europeia (UE) para a política externa é atribuído aos liberais — António Costa e Kaja Kallas serão os nomes mais consensuais para estas funções, respetivamente, ainda que a primeira-ministra da Estónia precise também dos votos do Parlamento Europeu.
Mas com o recrutamento de 11 novos eurodeputados para o partido eurocético da direita radical, o ECR consegue ultrapassar o Renovar Europa e deter o lugar de terceira maior força política no Parlamento Europeu o que, por essa lógica, significaria que o cargo de alto representante da UE para a política externa ficaria nas mãos desta família política. No entanto, de acordo com o Politico, os liberais estarão em conversações com cinco eurodeputados do partido europeísta Volt (Anna Strolenberg e Reinier van Lanschot, ambos dos Países Baixos, e Damian Boeselager, Nela Riehl e Kai Tegethoff, da Alemanha), o que poderá aumentar o número de eurodeputados liderais para 85. As negociações para a formação dos grupos políticos decorre até 4 de julho.
A reviravolta surge dias depois de Giorgia Meloni e de o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán– líder do partido de extrema-direita Fidesz que, após ter saído do PPE, na legislatura anterior ainda não tem família política — terem demonstrado desagrado por não terem sido incluídos nas negociações para os cargos de topo na União Europeia. Com estes novos membros, a primeira-ministra italiana passa a ter motivos adicionais para ser chamada para a conversa que, até agora, tem estado centrada entre o PPE, S&D e Renovar Europa.
De acordo com o comunicado do partido, os novos eurodeputados são Kristoffer Storm (Dinamarca); Ivaylo Valchev (Bulgária); Aurelijus Veryga (Lituânia); os eurodeputados franceses Marion Maréchal, Guillaume Peltier e Laurence Trochu; e os romenos Claudiu-Richard Tarziu, Gheorghe Piperea, Maria-Georgiana Teodorescu, Adrian-George Axinia e Serban Dimitrie Sturdza.
A sessão constitutiva do Parlamento está marcada para o próximo dia 16 de julho, altura em que será votado, também o presidente do Parlamento Europeu, que deverá ser Roberta Metsola, e ainda a presidência da Comissão Europeia.
Mas para já está tudo em aberto. Tal como as negociações para a formação dos grupos políticos estão a decorrer, também estão em curso as negociações para os principais cargos estão a decorrer, pelo menos, até 27 de junho, altura em que está agendada o Conselho Europeu.
O pontapé de saída ocorreu na segunda-feira passada, 17 de junho, altura em que os líderes se reuniram para um jantar informal em Bruxelas que serviu para dar início às negociações para os cargos de topo da próxima legislatura mas que terminou sem acordo. Isto porque, momentos antes do arranque do encontro informal entre os líderes, os sociais-democratas pediram a rotação da presidência do Conselho Europeu entre os socialistas e o PPE, dois anos e meio para cada um. Uma proposta que não terá agradado aos socialistas dentro da sala, que esperavam que o primeiro, e um eventual segundo mandato (que tipicamente é garantido), ficasse para António Costa.
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