Governo vai alterar código do IMI para resolver “problema estrutural” da cobrança de impostos nas barragens
Vai ser criado um grupo de trabalho para uma "solução técnica estrutural" para cobrança de impostos às barragens. Objetivo é que o imposto de 2025 seja pago em 2026 já de acordo com as novas regras.
O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, anunciou esta quarta-feira a criação de um grupo de trabalho para alterar o código do Imposto Municipal sobre Imóveis para resolver o “problema estrutural” da cobrança de impostos relativos às barragens. O objetivo é criar uma metodologia para avaliar estes ativos.
“O Governo vai a breve trecho criar um grupo técnico que será coordenado por uma personalidade independente e do ponto de vista técnico e académico irrepreensível, que iremos escolher nas próximas semanas”, disse na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP).
Joaquim Miranda Sarmento está a ser ouvido esta manhã no âmbito dos requerimentos apresentados pelo Chega, BE e PSD sobre a cobrança de impostos relativos às barragens e no âmbito do requerimento apresentado pelo PS sobre as contas nacionais.
O governante precisou que o grupo de trabalho será composto pela Autoridade Tributária (AT), pela Agência Portuguesa do Ambiente, por organismos representativos dos avaliadores, pelo Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia Civil, pela Associação Nacional de Municípios e pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis.
“O grupo de trabalho não é para decidir se as barragens pagam ou não IMI. É para decidir qual a metodologia sobre a qual são avaliados estes ativos”, salientou. Segundo Miranda Sarmento, o grupo irá criar uma “metodologia e conjunto de critérios de avaliação” para que “ter para futuro regras claras, simples e confiáveis de que como é feita a avaliação destes empreendimentos”.
O grupo de trabalho não é para decidir se as barragens pagam ou não IMI. É para decidir qual a metodologia sobre a qual são avaliados estes ativos.
O objetivo é entregar ao Parlamento, “até ao final do ano”, uma alteração ao Código do IMI, aplicável às barragens, de modo a que o imposto de 2025 pago em 2026 seja já de acordo com as novas regras. “Este grupo de trabalho irá desenvolver trabalhos nos próximos meses e apresentaremos neste Parlamento uma solução técnica para resolver este problema estrutural”, acrescentou.
O governante justificou a criação do grupo de trabalho com a “complexidade” do tema, considerando que é necessária uma análise “multidisciplinar”. “Procuraremos ter uma solução que possa ser acolhida por uma maioria neste Parlamento para que em 2025 e nos anos seguintes deixe de se levantar esta polémica e celeuma”, apontou.
Miranda Sarmento indicou ainda que “a AT já inscreveu na matriz 169 aproveitamentos hídricos”, tendo sido liquidados impostos de 2019 a 2022 relativos a esses ativos, afirmando não ter “a menor dúvida de que a AT tem feito tudo o que é possível para defender o interesse público e cumprir a legalidade”.
O ministro da tutela salientou, porém, que “a identificação de barragens não é competência da AT, mas da APA”, defendendo que se “olhou demasiado para a AT quando há outras autoridades envolvidas”.
Finanças não vão alterar despachados do anterior secretário de Estado
O ministro das Finanças garantiu ainda aos deputados que não irá apresentar uma interpretação distinta do anterior secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (SEAF), Nuno Félix, sobre a cobrança do IMI das barragens.
“À data de hoje, não tenho nenhuma razão para alterar os despachos do anterior Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Esses despachos procuraram respeitar o direito público”, disse, justificando que uma alteração “iria criar mais confusão”.
Miranda Sarmento destacou “que não há qualquer tema sobre a liquidação de 2019 a 2023, foram feitas”. “A posição do governo é que esses impostos são devidos. Os tribunais decidirão”, vincou.
(Notícia atualizada pela última vez às 10h33)
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Governo vai alterar código do IMI para resolver “problema estrutural” da cobrança de impostos nas barragens
{{ noCommentsLabel }}