Barómetro ACEGE: Empresários duvidam que Portugal cumpra PRR
Com 23% das metas e marcos cumpridos, a dois anos do prazo limite para cumprir os 358 que faltam, 68,12% dos empresários inquiridos considera que Portugal não vai conseguir cumprir os prazos.
O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem como prazo limite de conclusão o dia 30 de junho de 2026. A dois anos do final do prazo, a maioria dos empresários inquiridos pelo barómetro mensal da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE)/ECO/Renascença considera que Portugal não vai conseguir cumprir os prazos e, consequentemente, não receberá a totalidade dos 22,2 mil milhões de euros da bazuca europeia.
Com 23% das metas e marcos cumpridos a dois anos do prazo limite para cumprir os 358 que faltam, 68,12% dos empresários inquiridos no Barómetro considera que Portugal não vai conseguir cumprir os prazos.
Paulo Trigo Pereira, João Cortes e Steffen Hoernig, no estudo “Transição digital no Plano de Recuperação e Resiliência”, já defendiam que é praticamente impossível Portugal executar o PRR no horizonte temporal dado. Portugal não está isolado, já que outros Estados-membros enfrentam o mesmo desafio, por isso, os autores consideram que a Comissão Europeia ou mantém os prazos, “o que significa sacrificar a execução do PRR e pôr em risco o objetivo de retoma económica”, ou “reinterpreta as regras aprovadas de modo a estender o calendário de execução”.
A Comissão Europeia reitera incessantemente que não há flexibilidade nos prazos. “O prazo limite de 2026 é absoluto, não é flexível”, frisou diretora-geral do SG Recover, no encontro anual do PRR, reconhecendo que se trata de “um desafio enorme”. Céline Gauer elogiou o desempenho de Portugal. “É muito, mas muito pouco dado o tempo que temos”, alertou. As regras determinam que o deadline é agosto de 2026. Por isso, defendeu a necessidade de “reduzir a burocracia” e criar um “impulso político para finalizar as reformas que garantam a implementação” do PRR, assim como a “capacidade administrativa”, que disse serem “a chave para o sucesso”.
Mas o Parlamento Europeu já se manifestou disponível para aprovar o prolongamento de execução da bazuca, uma decisão que não precisa de unanimidade.
Ainda assim, o novo Governo, desde que entrou em funções, já tomou diversas medidas para acelerar a execução dos fundos do PRR e tem sublinhado a necessidade de todos os beneficiários, intermediários e finais, se esforçarem por acelerar a execução dos projetos.
Os beneficiários finais só receberam 21% da dotação da bazuca até 19 de junho, ou seja, 4,57 mil milhões de euros.
Nota: O Barómetro é uma iniciativa mensal realizada em colaboração com o Jornal ECO, Rádio Renascença e Netsonda, e tem como objetivo saber a opinião dos Associados da ACEGE sobre temas da atualidade, não sendo por isso uma sondagem de opinião. Foi enviado por email a 1.094 associados da ACEGE, através de uma plataforma da Netsonda, e esteve aberto 48h, nos dias 25 e 26 de junho, tendo respondido 138 pessoas.
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