“O problema não está na saída do talento, mas na falta de vontade em voltar”, afirma Carlos Moreira da Silva
Emigração de talento qualificado significa a perda de entre 16 a 20 mil milhões de euros em dinheiro investido pelo Estado e famílias, calcula a Associação Business Roundtable Portugal.
“O problema não está na saída, que aplaudimos, mas sim na falta de vontade do talento em voltar“, afirmou Carlos Moreira da Silva, que desde maio preside à Associação Business Roundtable Portugal, na abertura da conferência “Portugal o país onde vais querer estar”, que decorre esta quarta-feira na Nova School of Business and Economics, em Carcavelos.
“60 anos depois temos uma nova vaga de emigração. O mundo avançou e Portugal estagnou“, disse o empresário, que é acionista da BA Glass e da Cerealis. “É fundamental políticas públicas estruturais para a valorização do sucesso das pessoas e empresas”, defendeu, apelando a “um sentido de urgência para a sua concretização”.
Pedro Ginjeira do Nascimento, secretário-geral da Associação Business Roundtable Portugal, que organiza a conferência, assinalou que deixaram Portugal 1,5 milhões de emigrantes, o equivalente à perda de seis distritos. Partilhou ainda números de um estudo realizado em colaboração com a consultora Deloitte, que conclui que um em cada quatro inquiridos pensa sair de Portugal. A percentagem é maior nas gerações mais novas: sobe de 24% nos millennials para 48% na geração Z.
Além de quererem sair, a grande maioria dos que estão fora não querem voltar: 61%. “Portugal é o oitavo país com mais população a viver fora do país”, salientou Pedro Ginjeira do Nascimento.
A diferença da atual vaga é que é “uma emigração qualificada”. “Entre um terço e um quarto da capacidade de licenciar de Portugal sai todos os anos”, afirmou o secretário-geral da BRP. A associação calcula que esta emigração significa a perda de entre 16 a 20 mil milhões de euros em dinheiro investido pelo Estado e famílias na educação ao longo de 16 a 20 mil milhões de euros.
“O problema está em poucos quererem regressar”, afirmou também Pedro Ginjeira do Nascimento, apontando como fatores condicionantes os baixos salários, os impostos elevados, o fraco poder de compra e modelos de trabalho pouco atrativos. A resposta está na adoção de políticas públicas adequadas e boas práticas pelas empresas, apontou.
Carlos Moreira da Silva defendeu que é necessário “criar mais e melhores oportunidades para o talento português e estrangeiro”, assinalando que o regresso dos emigrantes teria um impacto económico muito significativo. “Queremos que regressem com todo o capital de conhecimento que adquiriram, para tornar Portugal o país onde todos vamos querer estar”, apelou.
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