Lagarde: “A inflação permanece alta e os salários estão a aumentar a um ritmo elevado”

Christine Lagarde não se compromete com cortes futuros das taxas de juro, apesar de prever uma estabilidade da inflação até ao final do ano, por conta do também crescimento elevado dos salários.

O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) decidiu esta quinta-feira manter inalteradas as três taxas de juro diretoras, uma decisão que reflete a avaliação contínua das perspetivas de inflação a médio prazo e que segundo a presidente do BCE foi tomada de forma unânime pelos membros do Conselho do BCE.

Na conferência de imprensa após o anúncio da decisão, Lagarde voltou a sublinhar a determinação da autoridade monetária da área do euro em assegurar que a inflação regresse ao objetivo de 2% no médio prazo, mas reconheceu que “a inflação doméstica permanece elevada” e que “os salários estão a aumentar a um ritmo elevado”.

A presidente do BCE explicou ainda que “o crescimento dos custos laborais permanecerá elevado no curto prazo”, embora tenha notado que “os dados recentes sobre a remuneração dos trabalhadores estão em linha com as expectativas”.

Os salários, os lucros e a geopolítica são riscos ascendentes para a inflação, [enquanto] os riscos para o crescimento estão inclinados para o lado negativo.

Chritine Lagarde

Presidente do Banco Central Europeu

Antecipando os próximos meses, Lagarde referiu que “a inflação deverá flutuar próxima dos níveis atuais durante o resto do ano”, mas antecipa que “o IHPC [Índice Harmonizado de Preços no Consumidor] baixe para a meta do BCE na segunda metade do próximo ano”.

Durante a sua intervenção, Lagarde sublinhou, por duas ocasiões, que o BCE “não está a comprometer-se com nenhum prazo” para realizar novos cortes nas taxas de juro, salientando ainda que “os dados recebidos indicam que a economia da zona euro cresceu no segundo trimestre, mas provavelmente a um ritmo mais lento do que no primeiro trimestre”.

Lagarde acrescentou ainda que “os serviços continuam a liderar a recuperação, enquanto a produção industrial e as exportações de bens têm sido fracas”.

Relativamente às perspetivas de crescimento da área do euro, a presidente do BCE mostrou-se cautelosamente otimista, afirmando esperar que “a recuperação seja apoiada pelo consumo”. No entanto, Lagarde alertou que “os indicadores de investimento apontam para um crescimento moderado em 2024”.

No mercado de trabalho, Lagarde sublinhou que o mercado “permanece resiliente” e que “é provável que mais empregos tenham sido criados no segundo trimestre, principalmente no setor dos serviços”.

Porém, a presidente do BCE alertou para os riscos com que se depara a economia do euro, afirmando que “os salários, os lucros e a geopolítica são riscos ascendentes para a inflação”, enquanto “os riscos para o crescimento estão inclinados para o lado negativo”.

A próxima reunião do Conselho do BCE está agendada para depois do verão, num encontro marcado para 12 de setembro.

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