“É a primeira vez que há uma politização do mandato da Aicep”, diz ex-presidente
Filipe Santos Costa não acredita que recaia sobre a sua administração qualquer suspeita na Operação Maestro. Alertas internos são de 2013 a 2016, diz, e foi feita uma reestruturação interna.
“Nunca tinha havido até agora uma politização ao nível de interromper o mandato dos conselhos de administração da Aicep“, lamentou o ex-presidente da agência responsável pela atração de investimento em entrevista ao Expresso. Filipe Santos Costa, afastado pouco antes de fazer um ano de mandato reconhece que não ficou surpreendido porque “há uma orientação geral de substituição dos dirigentes da Administração Pública que estejam há menos de um ano em funções”, mas considera: “Uma orientação geral baseada no tempo do mandato não me parece um critério muito científico”.
“Seria mais normal haver apreciações qualitativas”, defende Filipe Santos Costa, coisa que considera que o Governo não fez. E apesar de não encarar a demissão como “uma questão pessoal nem como uma avaliação qualitativa” do seu trabalho, alerta que “se já não é fácil recrutar pessoas de fora do circuito da Administração Pública para exercer cargos de gestor público, mais difícil fica se se introduzir esta instabilidade na vida das pessoas e das instituições”.
O ECO pediu uma reação a estas declarações ao ministro da Economia, mas este não quis comentar.
Na mesma entrevista ao Expresso, Filipe Santos Costa revela que deixou um pipeline de investimentos na lógica do “Portugal Sustentável”, para “alavancar a dupla transição energética e digital”, que “perfaz 60 mil milhões de euros potenciais”. “Na energia, se fizermos as contas aos objetivos do PNEC 2030 [Plano Nacional de Energia e Clima], são necessários 32 mil milhões a 35 mil milhões de euros. No pipeline potencial das duas resoluções do Conselho de Ministros que lançaram o RCI estavam em andamento 62 projetos correspondentes a 18,7 mil milhões. E na transição digital falamos de cerca de dez mil milhões”, elenca o responsável.
Quanto à Operação Maestro, que investiga uma alegada fraude de 39 milhões de euros com fundos europeus levada a cabo por Manuel Serrão, Filipe Santos Costa não acredita que recaia sobre a sua administração qualquer suspeita. “Os alertas internos são de 2013 a 2016, se não me engano. Fizemos a nossa reestruturação interna para reforçar a auditoria antes da Operação Maestro”, sublinhou.
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