Luís Montenegro propõe Maria Luís Albuquerque para comissária europeia

A poucos dias do fim do prazo para a submissão de candidatos para o colégio de comissários, Luís Montenegro anunciou que Maria Luís Albuquerque será o nome proposto por Portugal.

Depois de muito suspense, está desvendado o segredo. Maria Luís Albuquerque é o nome proposto por Portugal para candidato a comissário europeu. O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, a dois dias do final do prazo para a submissão de candidatos, tal como tinha sido pedido pela presidente do executivo comunitário Ursula von der Leyen.

Para Luís Montenegro, que comunicou a decisão do Governo a partir de São Bento, esta manhã, Maria Luís Albuquerque é uma “personalidade com reconhecimento e mérito académico, profissional, político e cívico”, sendo por isso a escolha de Portugal para integrar o executivo comunitário na próxima legislatura.

Além de ter sido ministra das Finanças no Governo de Pedro Passos Coelho, tendo acompanhado de perto a queda do BES, Maria Luís Albuquerque foi Secretária de Estado do Tesouro e Finanças (2011-2012) e Secretária de Estado do Tesouro (2012-2013). Nestas funções, seguiu os assuntos do Eurogrupo e do Ecofin de perto, substituindo o então Ministro de Estado e das Finanças. Este percurso, diz Montenegro, é indicativo de que Maria Luís Albuquerque é “detentora de competências extraordinárias que vão enriquecer a Comissão Europeia e prestigiar Portugal”.

Recordando que a Europa entra agora “num novo ciclo de união”, vocacionado para o estímulo do mercado interno, competitividade, a definição de um novo quadro plurianual financeiro, “a que se juntam desafios enormes” nas áreas da defesa, segurança e alargamento, Luís Montenegro considera ser “importante que cada Estado-membro disponibilize alguns dos seus melhores para trabalhar a bem de todos os europeus”.

Como primeiro-ministro, considero que Maria Luís Albuquerque honra esse perfil e pelo conhecimento direto e pessoal que tenho das suas capacidades sei também que vai honrar Portugal“, proferiu o chefe de Governo.

O presidente do grupo parlamentar do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, conversa com Maria Luís Albuquerque durante as Jornadas Parlamentares do PSD, que juntam os deputados deste partido numa unidade hoteleira em Santarém, 18 de fevereiro de 2016.PAULO CUNHA/LUSA

 

Deposito nela toda a confiança e esperança de que seremos nós portugueses, uma vez mais, um povo e uma nação que alavanca o reformismo e ambição europeia de sermos um espaço no mundo onde há mais bem-estar e mais qualidade de vida, respeito pelo estado de direito e pela democracia, estado social e salvaguarda da dignidade de cada ser humano”, concluiu o primeiro-ministro.

O anúncio de Luís Montenegro surge um dia depois de o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, ter criticado o PSD por usar eventos partidários, como a Universidade de verão do PSD para anunciar o nome escolhido por Portugal para o próximo executivo comunitário, tal como tinha sido noticiado pelo Observador, urgindo ao Governo que tenha “sentido de Estado”.

Portugal mais próximo de uma pasta de peso

Maria Luís Albuquerque junta-se assim a uma lista já conhecida de candidatos propostos pelos restantes Estados-membros para integrar o futuro colégio de comissários. Por anunciar, restam países como Espanha, Itália, Bélgica, Dinamarca e Bulgária que deverão formalizar os respetivos aspirantes a comissários até 30 de agosto.

Ao gabinete de Ursula von der Leyen, em Berlaymont, já chegaram cerca de 20 nomes que se juntam ao de Kaja Kallas, indicada pela Estónia e aprovada pelo Conselho Europeu para a chefe da diplomacia. Deste grupo, três deles são apenas de mulheres — Jessika Roswall da Suécia; Henna Virkkunen da Finlândia; e Dubravka Šuica da Croácia — longe da paridade praticamente alcançada no último mandato (47%).

Resta agora saber que pastas a antiga ministra das Finanças irá disputar. Considerando o seu perfil, é provável que Maria Luís Albuquerque esteja na corrida para um dos pelouros mais económico-financeiros em Bruxelas que, para já, conta com apenas candidatos masculinos — algo que irá certamente condicionar a decisão de Ursula von der Leyen que ambicionava presidir uma comissão mais paritária.

Além de a presidente da Comissão Europeia ter pedido que os Estados-membros dessem a conhecer os seus candidatos até ao final do mês, a líder do executivo comunitário pediu que fossem submetidos dois nomes: um homem e uma mulher. No entanto, e para já, nenhum dos 27 — incluindo Portugal — tem respeitado o pedido da presidente alemã de submeter uma dupla, tendo, na verdade, a maioria proposto nomes de homens para integrar o próximo executivo comunitário.

Assim, e considerando que Luís Montenegro respeitou parte do pedido de Ursula von der Leyen, as hipóteses de Portugal ficar com uma pelouro económico-financeiro com maior visibilidade vão aumentando. Mas a decisão final só será conhecida daqui por semanas.

O colégio de comissários escolhido pela presidente do executivo comunitário só deverá ser conhecido em meados de setembro, isto já depois de os candidatos terem preenchido um inquérito e se terem reunido com a líder alemã para entrevistas one on one. Depois disso, seguem-se as audições no Parlamento Europeu, em outubro, que prometem ser rigorosas e podem mesmo chumbar os candidatos a comissários, como já aconteceu no passado. Só depois do crivo dos eurodeputados, é que o colégio proposto por Ursula von der Leyen será votado em bloco, em Estrasburgo.

A nova Comissão deverá entrar em funções a partir de 1 de novembro, tal como está previsto nos tratados. No entanto, caso o Parlamento Europeu chumbe candidatos ou a própria presidente peça aos Estados-membros que submetam um nome alternativo, essa data pode derrapar.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h16)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Luís Montenegro propõe Maria Luís Albuquerque para comissária europeia

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião