Descida dos descontos do IRS beneficia mais salários brutos de 3.000 euros. Saiba quanto vai poupar

Trabalhadores vão ficar com mais de 500 euros no bolso por mês, em setembro e outubro, o que corresponde a um ganho de cerca de 20% face ao ordenado líquido de agosto.

A descida extraordinária dos descontos do IRS em setembro e outubro para compensar o que trabalhadores e pensionistas retiveram a mais desde janeiro vai beneficiar sobretudo quem ganha 3.000 euros brutos mensais, de acordo com as simulações da EY para o ECO. Contribuintes que se encontrem nesta faixa remuneratória vão ficar com mais de 500 euros no bolso por mês, o que corresponde a um ganho de cerca de 20% face ao ordenado líquido de agosto.

Um solteiro sem filhos com um vencimento de 3.000 euros brutos mensais descontava, até agosto, 723 euros por mês, o que dava um salário líquido de 2.277 euros, sem contar com as contribuições sociais de 11%. Em setembro e outubro, a retenção na fonte vai baixar 526 euros para 197 euros, elevando o ordenado líquido para 2.803 euros por mês. Para outros tipos de perfis como trabalhador solteiro com filhos, casado com filhos ou pensionista, a poupança é semelhante, em torno dos 500 euros. Proporcionalmente, é nesta folha salarial ou recibo de pensão, de 3.000 euros, que o benefício é maior, na ordem dos 20%.

De salientar que os pensionistas tanto da Segurança Social como os da Caixa Geral de Aposentações (CGA) só irão sentir o efeito da descida extraordinária da retenção na fonte em outubro, porque as prestações de setembro já foram processados. Mas o Governo compromete-se a fazer os ajustes necessários nos descontos de novembro e dezembro para compensar o mês de setembro em que não foram aplicadas as novas tabelas.

Para os trabalhadores dependentes que vão usufruir de um alívio considerável nos descontos do IRS em setembro e outubro, a retenção depois volta a subir nos dois últimos meses do ano, mas, ainda assim, fica abaixo do que adiantavam ao Fisco em agosto.

No caso dos contribuintes solteiros e sem filhos que auferem 3.000 euros brutos por mês, o ganho mensal de mais de 500 euros por mês vai diminuir para 20 euros, o que corresponde a um alívio de apenas 1% face a agosto, quando em setembro e outubro era de cerca de 20%. Ou seja, os descontos de 197 euros desses dois meses vão passar para 703 euros, ainda assim abaixo dos 723 euros que retiveram todos os meses entre janeiro e agosto.

Trabalhadores com rendimentos mensais brutos de 2.000 e 5.000 euros também vão ter ganhos consideráveis, mas abaixo da poupança de cerca de 20% para ordenados de 3.000 euros. Assim, um solteiro sem filhos com um vencimento de 2.000 euros, que descontava 349 euros, ficando com um ordenado líquido de 1.651 euros, vai passar a reter, em setembro e outubro, apenas 41 euros, o que corresponde a uma redução de 19%, o que dará um ordenado de 1.959 euros, sem contar com as contribuições para a Segurança Social, de 11%.

 

Trabalhadores com rendimentos mensais brutos de 2.000 e 5.000 euros também vão ter ganhos consideráveis, mas abaixo da poupança de cerca de 20% para ordenados de 3.000 euros. Assim, um solteiro sem filhos com um vencimento de 2.000 euros, que descontava 349 euros, ficando com um ordenado líquido de 1.651 euros, vai passar a reter, em setembro e outubro, apenas 41 euros, o que corresponde a uma redução de 19%, o que dará um ordenado de 1.959 euros, sem contar com as contribuições para a Segurança Social, de 11%. A partir de novembro, a retenção passa para 331 euros. São menos 18 euros ou 1% face a agosto, o que significa que a retribuição mensal livre de impostos se irá fixar nos 1.669 euros.

No caso de uma remuneração brutal mensal de 5.000 euros, e considerando também um solteiro e sem filhos, o trabalhador vai levar para casa mais 572 euros por mês, em setembro e outubro, uma vez que irá descontar 957 euros quando, até agosto, adiantava ai Estado 1.529 euros todos os meses. Trata-se de um ganho para o salário líquido de 16%, que se irá situar nos 4.043 euros. Em agosto, o ordenado livre de impostos estava nos 3.471 euros. A partir de novembro, a retenção na fonte avança para 1.501 euros, uma redução de 28 euros ou 1% face às tabelas praticadas pelo Fisco entre janeiro e agosto.

O benefício vai baixando consoante os salários diminuem, porque também os descontos já eram menores, sendo que até aos 934 euros brutos mensais, para um solteiro sem filhos, o vencimento estava isento. Com as tabelas de setembro e outubro, este patamar livre de imposto vai subir para 1.175 euros mensais brutos, quando, até agosto, este ordenado pagava de IRS 114,68 euros por mês.

Nas pensões, não haverá lugar a retenção na fonte até aos 1.202 euros para um solteiro, divorciado, viúvo ou casado (dois titulares), quando até aqui este reformado descontava a partir dos 838 euros mensais. Isto significa um ganho, em setembro e outubro, de 111,71 euros por mês.

Solteiros ou casados com dois filhos ficam isentos até aos 2.000 euros de salário

Mas a isenção, aplicada pelas tabelas de setembro e outubro, sobe consideravelmente para outros tipos de perfis, designadamente no caso de um solteiro com dois filhos, em que o ordenado bruto até 2.000 euros deixa de reter na fonte durante dois meses. Até agosto, descontava 281 euros mensais. Também um trabalhador casado (dois titulares) com dois filhos não vai ter de descontar IRS durante dois meses até aos 2.000 euros brutos de salário. De janeiro a agosto, este contribuinte tinha de adiantar ao Fisco 306 euros todos os meses.

Simulações da EY para um ordenado bruto de 1.500 euros, valor próximo do vencimento médio que se fixou em 1.640 euros no segundo trimestre de 2024, mostram que, um solteiro sem filhos, que descontava 203 euros, vai reter apenas 12 euros, em setembro e outubro, o que vai gerar um ganho mensal de 191 euros. Já um solteiro com um ou mais filhos e um casado (dois titulares) com um ou mais dependentes, a ganhar 1.500 euros, vão ficar isentos durante dois meses, quando, até agosto, retinham mais de 130 euros.

A partir de novembro e até ao final do ano, estarão em vigor outras tabelas já sem o efeito do mecanismo da retroatividade aplicado em setembro e outubro. Deste modo, no mês 11, a retenção na fonte volta a incidir sobre remunerações mensais a partir dos 935 euros e a pensões a partir dos 937 euros mensais para não casados e sem filhos. Ou seja, pontualmente, as taxas baixam mais em setembro e outubro e depois, em novembro e dezembro, são atualizadas face às que estão em vigor até agosto, em linha com a redução do IRS aprovada pelo Parlamento. A taxa mais baixa, de 13,25%, recua para 13%, a de 18% diminui para 16,50% e assim sucessivamente.

Veja as simulações para diferentes perfis

Trabalhador solteiro ou casado (dois titulares) e sem filhos

Trabalhador solteiro com um filho

Trabalhador solteiro com dois filhos

Trabalhador casado (dois titulares) com um filho

Trabalhador casado (dois titulares) com dois filhos

Pensionista solteiro sem dependentes

Pensionista casado (dois titulares) sem dependentes

Pensionista casado (um titular) sem dependentes

 

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