5G: Desvio de investimento de cobertura, inovação e segurança das redes vai penalizar país, avisa Apritel
No dia em que um estudo da EY aponta para custos da exclusão da Huawei para a economia nacional, a Apritel alerta que qualquer "oneração do setor" é uma "má notícia para os portugueses".
O secretário-geral da Apritel afirmou esta segunda-feira que “tudo o que signifique desviar investimento” de áreas que não sejam cobertura, qualidade, inovação e segurança das redes “vai penalizar o país” e mais oneração é “má notícia”. A exclusão da Huawei do 5G em Portugal pode custar à economia portuguesa mais de mil milhões de euros, segundo um estudo feito pela consultora EY a pedido da tecnológica chinesa, em véspera da conferência da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), em Lisboa.
Instado a comentar o estudo, o secretário-geral da Apritel, Pedro Mota Soares, começou por dizer que “o tema mais relevante no setor das comunicações eletrónicas, quer em Portugal, quer na Europa, é o da sustentabilidade do investimento”, elencando cinco pontos sobre o investimento feito no país nos últimos sete anos. “O setor investiu 10.000 milhões de euros” neste período, apontou.
“Tudo o que signifique desviar investimento de áreas que não tenham a ver com maior cobertura, qualidade, inovação e segurança das redes vai penalizar o país, colocando Portugal a divergir dos outros países”, advertiu Pedro Mota Soares, numa resposta por escrito. “Qualquer sobre oneração do setor é, nesse sentido, uma má notícia para os portugueses”, rematou.
A associação que representa os operadores salienta que “Portugal é líder europeu no que refere à cobertura e qualidade das redes fixas e móveis”, apontando que os 308 concelhos do país dispõem, pelo menos, de uma estação de base com tecnologia 5G”, segundo a Anacom. Além disso, “98,1% da população conta com rede 5G, superando largamente a média da União Europeia (UE), que está nos 89%, segundo o 5G Observatory Report e 94,5% dos lares estão cobertos por redes de alta velocidade, sendo que mais de seis milhões de casas estão cabladas com fibra, superando a média europeia, que é inferior a 79%”, prosseguiu Pedro Mota Soares.
As redes nacionais, nomeadamente a 5G, “têm merecido múltiplas distinções: entre outras, as da MedUX para melhor cobertura, velocidade mais consistente e melhor performance, e da OpenSignal para rede móvel mais rápida da Europa”, apontou. O responsável referiu que “esta qualidade foi atestada no contexto mais extremo pelos cidadãos e empresas durante os anos da pandemia, altura em que as redes de comunicações eletrónicas nacionais foram instrumentais para assegurar que ninguém fosse deixado para trás”.
Segundo a análise da EY, a exclusão da Huawei das redes 5G em Portugal poderá custar 1,052 milhões de euros, incluindo “339 milhões de euros em investimentos de substituição e 193 milhões de euros em investimentos futuros”, o que poderá conduzir “um aumento estimado de 7% nas tarifas médias”.
Para contabilizar o impacto de 1,052 milhões de euros, a consultora considera ainda 282 milhões de euros associados a perdas de produtividade, alertando neste âmbito para atrasos na “implementação completa da rede 5G no país”, que podem impedir “os cidadãos e empresas de tirarem pleno partido das vantagens da tecnologia”.
Tem ainda em conta 156 milhões de euros de depreciações, 58 milhões em custo de oportunidade e 24 milhões em consumo de energia, segundo o estudo. Exatamente há um ano, a Huawei Portugal entrou com uma ação administrativa contra a deliberação sobre equipamentos 5G da Comissão de Avaliação de Segurança (CAS), com o objetivo de salvaguardar os seus direitos legais.
A CAS, no âmbito do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, tinha alertado para a segurança das redes e de serviços 5G do uso de equipamentos de fornecedores que, entre outros critérios, sejam de fora da UE, NATO ou OCDE e que “o ordenamento jurídico do país em que está domiciliado” ou ligado “permita que o Governo exerça controlo, interferência ou pressão sobre as suas atividades a operar em países terceiros”.
A deliberação não refere nomes de empresas ou de países, mas o certo é que o caso da Huawei surge na memória, nomeadamente porque a tecnológica chinesa foi banida das redes 5G em outros países europeus.
Neste estudo, a consultora faz ainda referência ao impacto da Huawei Portugal na economia portuguesa, referindo que “contribui com 718 milhões de euros por ano para a economia nacional, dos quais 197 milhões correspondem a Valor Acrescentado Bruto (VAB)”. “O efeito multiplicador do ecossistema Huawei é de 2x [duas vezes] na produção nacional”, indica o comunicado.
No que toca ao emprego, segundo o estudo, “o efeito multiplicador é mais significativo, atingindo 7x”, ao suportar 651 postos de trabalho diretos e mais de quatro mil indiretos.
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