“Suspensão do AforroNet não foi um ataque” mas um bug, diz o presidente do IGCP
Miguel Martín, presidente do IGCP, diz que a demora na resolução do problema se deveu ao estado obsoleto dos sistemas do instituto responsável pela gestão da dívida da República
O presidente do IGCP, Miguel Martín, prestou esta sexta-feira esclarecimentos aos deputados numa audição da Comissão Orçamento, Finanças e Administração Pública sobre dois temas que têm gerado preocupação entre os aforradores portugueses: a recente suspensão do serviço AforroNet e a demora e as dificuldades persistentes na realização de habilitações de herdeiros.
Relativamente à suspensão do AforroNet, Martín explicou que a medida foi tomada após a descoberta de uma falha de segurança durante uma atualização do sistema. “Quando fizemos a evolução do grau de robustez da password, que eram só 6 dígitos para 8 a 12 dígitos alfanuméricos, sem contar com dígitos de teclados internacionais, descobrimos que um aforrista teve acesso aos dados pessoais de outro aforrista”, revelou o presidente do IGCP, acrescentando que, embora fosse uma “circunstância circunscrita”, a possibilidade de recorrência levou à suspensão preventiva do serviço.
O dirigente fez questão de sublinhar que o incidente “não resulta de qualquer ataque informático”, mas sim de um bug interno e clarificou que “as poupanças das famílias nunca estiveram em causa. A segurança é absolutamente absoluta”. Cerca de 14 dias depois da resolução do problema, o IGCP emitiu um comunicado indicado que o Serviço AforroNet já estava operacional “após conclusão da intervenção para a melhoria da proteção dos dados pessoais.”
Martín justifica a demora na resolução do problema por duas semanas devido à obsolescência dos sistemas do IGCP. “A demora da resolução do problema prende-se exatamente pelo facto dos nossos sistemas serem obsoletos e qualquer intervenção que se faça no sistema leva tempo”, justificou o líder do instituto responsável pela gestão da dívida pública da República.
Apesar de lamentar o transtorno causado, o presidente do IGCP recordou que existiam alternativas para os aforradores: “Podiam, através dos CTT e de outros canais, aceder às suas poupanças. Portanto, era só uma indisponibilidade do AforroNet e não uma indisponibilidade total do serviço”.
Quanto à questão das habilitações de herdeiros, Martín reconheceu que este é o “calcanhar de Aquiles” do IGCP, apesar do elevado grau de satisfação geral dos clientes. “O nosso grau de satisfação anda à volta de 90%”, afirmou, antes de revelar um dado preocupante: “Um herdeiro tem uma obrigação de 90 dias para entregar nas finanças o modelo 1 da habilitação de herdeiros. O IGCP estava a levar sete meses a fazer habilitação de herdeiros”.
O presidente do IGCP não escondeu o seu desconforto com esta situação, afirmando perante os deputados que “isto é uma situação da qual eu não me orgulho e que estamos a tentar atacar, mas dentro dos recursos limitados que nós temos”.
Estas declarações evidenciam os desafios que o IGCP enfrenta na modernização dos seus sistemas e na melhoria dos serviços prestados aos aforradores portugueses. A instituição parece estar ciente das suas limitações e empenhada em superá-las, mas os constrangimentos de recursos continuam a ser um obstáculo significativo.
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