IRS dá fôlego de 500 milhões aos depósitos bancários em maio

Aplicações em depósitos recuperaram em maio depois do trambolhão no mês anterior. Os reembolsos do IRS ajudaram mas houve mais fatores. Crédito à habitação em mínimos da última década.

Depois do trambolhão em abril, as aplicações em depósitos voltaram a recuperar. O montante total aplicado pelos portugueses engordou em pouco mais de 500 milhões de euros em maio, recuperando assim de mínimos de mais de um ano num mês em que grande parte dos reembolsos de IRS foram liquidados pelo Governo. Já o crédito para compra de casa caiu para mínimos da década.

De acordo com os dados divulgados pelo Banco Central Europeu (BCE), os portugueses detinham um total de 141,6 mil milhões de euros aplicados em depósitos, traduzindo um aumento de 512 milhões de euros face ao mês anterior. Em abril, os depósitos tinham perdido cerca de 800 milhões em virtude da maior propensão ao consumo das famílias portuguesas por causa das férias da Páscoa.

“A explicação essencial estará nos reembolsos do IRS que foram mais rápidos até pela implementação das declarações automáticas”, resume Filipe Garcia, economista da IMF, ao ECO, sublinhando que houve outro fator determinante para esta retoma nos depósitos. “A isto acresce que não foram lançados ou promovidos recentemente novos produtos de poupança. A subscrição da OTRV tem tido impacto no nível de depósitos”, frisa este responsável.

"A explicação essencial estará nos reembolsos do IRS que foram mais rápidos até pela implementação das declarações automáticas. A isto acresce que não foram lançados ou promovidos recentemente novos produtos de poupança. A subscrição da OTRV tem tido impacto no nível de depósitos.”

Filipe Garcia

Economista do IMF

A recuperação do saldo total de depósitos verificou-se sobretudo nas aplicações à ordem, cujo montante total aumentou 671 milhões de euros em maio para 44,95 mil milhões de euros. E isto depois de um tombo de 756 milhões de euros no mês anterior.

Depósitos recuperam em maio

 

Fonte: BCE

Seja como for, as aplicações em depósitos continuam bastante longe do pico atingido há um ano. Em julho de 2016, o montante total destas aplicações atingiu um recorde nos 145 mil milhões de euros, mas tem vindo a diminuir sobretudo por causa das baixas taxas de juros oferecidas pelos bancos. Neste cenário, outras soluções de poupança como a OTRV ou Certificados do Tesouro têm conquistado a atenção dos investidores e aforradores nacionais.

Crédito à habitação em mínimos da década

Por outro lado, o saldo de empréstimos dos bancos continuou a cair em maio, com o crédito destinado à habitação a cair para mínimos da última década, mostram ainda os dados do banco central do euro.

O total de crédito concedido às famílias e particulares caiu em 226 milhões de euros para 117,2 mil milhões de euros no mês passado. O bolo dos empréstimos para compra de casa emagreceu 122 milhões de euros para 94,69 mil milhões de euros, o nível mais baixo desde março de 2017. Com uma queda menor, o crédito ao consumo totalizava os 13,85 mil milhões de euros.

Para Filipe Garcia, a queda no volume de dívida explica-se pelas amortizações nos créditos à habitação mais antigos, que continuam a beneficiar de taxas de juro muito baixas. Mas não só. “Os novos empréstimos, seja para habitação seja para consumo até têm acelerado, mas não compensam ainda a queda do stock de dívida anterior”, explica o economista.

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