Plano de reestruturação Santa Casa de Lisboa terá impacto de 350 milhões de euros até 2027
Só o impacto financeiro direto na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa será de 146 milhões de euros, "depois de distribuído o impacto do Departamento de Jogos pelas entidades beneficiárias".
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estima que o plano de reestruturação tenha um impacto financeiro de mais de 350 milhões de euros ao longo de três anos e meio, com a implementação dos quatro programas operacionais. O plano também prevê atingir rendimentos dos jogos sociais superiores a 200 milhões de euros em 2027.
De acordo com o documento, a que a Lusa teve acesso, “entre o segundo semestre de 2024 e o final de 2027, o impacto financeiro total dos quatro Programas Operacionais será de aproximadamente 350,4 milhões de euros”.
Este valor diz respeito ao conjunto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e do Departamento de Jogos (DJ), já que o impacto financeiro direto na SCML será de 146 milhões de euros, “depois de distribuído o impacto do Departamento de Jogos pelas entidades beneficiárias”.
A instituição estima que até ao final de 2024 o impacto financeiro seja de perto de 58,8 milhões de euros entre a SCML e o DJ, e de 49,6 milhões de euros de impacto direto na SCML, novamente depois da devida distribuição pelas entidades beneficiárias.
A SCML distribui parte dos resultados líquidos dos jogos sociais por várias entidades, como o Ministério da Administração Interna, Presidência do Conselho de Ministros, Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Governo Regional da Madeira, Governo Regional dos Açores, sendo que a própria SCML recebe apenas 26,52% do total destas verbas.
Depois de ter sido feito um pré-diagnóstico à instituição, a atual direção elaborou um plano de reestruturação assente em quatro programas operacionais, desdobrados por 19 iniciativas, a que correspondem cem medidas.
Os programas operacionais incluem um “Programa de Garantia de Receita”, um “Programa de Redução de Custos”, um “Programa de Eficiência Operacional” e um “Programa de Investimento e Desinvestimento”.
Refere que, “desagregando o impacto financeiro total em termos anuais, observa-se que o impacto económico-financeiro dos programas operacionais aumenta ao longo do período de implementação do Programa de Reestruturação”, passando de um impacto positivo de 58,8 milhões no segundo semestre de 2024 para 159,6 milhões de euros em 2027, ou seja, mais 171%.
Em 2026, o impacto económico-financeiro salta de cerca de 68,3 milhões de euros para quase 160 milhões de euros, um aumento de 91,2 milhões de euros que a SCML justifica com a “consolidação da Iniciativa ‘Jogos Sociais’ do Programa Operacional de Garantia de Receita, que deverá começar a consolidar o seu impacto a partir do primeiro semestre de 2027”, lê-se no documento.
“Na elaboração das demonstrações económico-financeiras estimadas para 31 de dezembro de 2027, com base nas “Metas 2027” fixadas, a SCML apresentará um Resultado Corrente de 97,2 milhões de euros e um Resultado Líquido do Exercício de 87,2 milhões de euros”, refere a SCML.
Acrescenta que os saldos globais da instituição “foram significativamente negativos entre 2020 e 2022, tendo a situação sido invertida em 2023, apesar de as estimativas para 2024 apontarem novamente para um saldo global negativo de 3,3 milhões de euros”.
No entanto, estima obter um resultado líquido — “o indicador financeiro que representa o lucro ou prejuízo total da SCML durante cada ano económico” — positivo de 10.356 mil euros para 2024.
Segundo o que está definido no plano de reestruturação, os objetivos gerais passam por garantir que a sua implementação tem um impacto económico-financeiro positivo já no segundo semestre de 2024, diversificar e aumentar receita, além de reduzir custos.
Santa Casa quer ultrapassar 200 milhões nos rendimentos dos jogos sociais em 2027
Por outro lado, o plano de reestruturação também prevê atingir rendimentos dos jogos sociais superiores a 200 milhões de euros em 2027, aumentando postos de venda, criando novos jogos ou expandindo a raspadinha para o digital.
Segundo o que está definido no documento, a que a Lusa teve acesso, nas projeções financeiras até 2027, com a aplicação dos programas operacionais, a SCML tem uma estimativa para 2024, em relação aos rendimentos provenientes dos jogos sociais, de 192.122.000 euros, valor que aumenta para quase 193 milhões de euros em 2025, cerca de 195,6 milhões no ano seguinte e atinge os 200.244.000 em 2027. Significa que entre 2024 e 2027, a SCML espera crescer 4,13% nos rendimentos provenientes dos jogos sociais.
Refere que, em 2023, os jogos sociais resultaram num total de vendas brutas de mais de 3,1 mil milhões de euros, através de 4.896 pontos de venda e uma rede com 18.978 mediadores. O valor representou mais 66 milhões do que as vendas registadas em 2022.
“Pelo peso que detêm na estrutura de rendimentos da SCML, é crucial atuar sobre as receitas dos jogos sociais do Estado e incrementá-las”, lê-se no documento, que refere que o departamento de jogos tem vindo desde 2021 a implementar medidas para aumentar as vendas, mas ainda não conseguiu atingir os valores registados em 2019, antes da pandemia.
O Programa Operacional de Garantia de Receita (POGR) tem como objetivo o aumento das receitas através de iniciativas nos jogos sociais, saúde, ação social e imobiliário. Concretamente em relação aos jogos sociais, e segundo o que está escrito no documento, é objetivo da Santa Casa da Misericórdia (SCML) “aumentar em dez milhões de euros o valor a distribuir pelas entidades beneficiárias”.
“Esta medida visa aumentar as vendas brutas e melhorar a margem e as operações dos jogos sociais, nomeadamente ao nível da rede de mediadores e do impacto das ações de marketing, publicidade e comunicacionais”, lê-se no documento.
Há 14 medidas pensadas para os jogos sociais, desde o alargamento da rede em mais 200 postos de venda ainda durante o ano de 2024, o que poderá ter um impacto financeiro superior a 9 milhões de euros, e outros 800 no ano de 2025.
Para aumentar as receitas dos jogos sociais vai ser equacionado o “lançamento de novas dinâmicas de jogos da Raspadinha Física com uma vertente digital (Phygital), que permite estender a experiência de jogo da rede física para o canal digital”.
O objetivo é “implementar uma solução de inovação para rejuvenescer a lotaria instantânea física, que permitirá a conexão de jogos físicos com os interativos digitais, promovendo uma experiência de entretenimento digital exclusivo” e, através disso, tentar “captar novos públicos”.
O impacto total da medida será de 42,5 milhões de euros, aos quais se somam cerca de 7,6 milhões de euros para uma “campanha publicitária integrada”, que irá destacar a “conveniência de jogar online ou em postos de venda físicos”.
Está pensado um novo jogo de apostas mútuas, “baseado em prognósticos numéricos [que] visa diversificar o portfólio de jogos, oferecendo sorteios mais frequentes” e que a SCML espera que promova “um crescimento significativo das receitas de jogos (…), atraindo novos públicos e expandindo a base de clientes através de uma proposta inovadora e atrativa”.
Prevê-se que este projeto esteja concluído em finais de 2026 e estima-se um impacto total de quase 136,4 milhões de euros.
O programa para os jogos sociais inclui a modernização dos equipamentos de ponto de venda e plataformas de suporte, mas também um projeto-piloto, chamado Cauteleiros, cujo objetivo será “suportar tecnológica e processualmente a venda ambulante existente para os jogos da Lotaria Clássica, Popular e Instantânea, promovendo um maior controlo da atividade de Venda de Jogo, potenciando a proximidade física, digital e humana”.
De acordo com o documento, os objetivos gerais do plano de reestruturação preveem que possa ter “impacto económico-financeiro positivo ainda no segundo semestre de 2024”, traga diversificação de receitas, uma gestão mais eficaz das despesas e uma redução dos custos.
(Notícia atualizada às 8h33 com mais informação)
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