Como os locais: Bali como destino

Três portugueses contam o que os fez mudarem-se para Bali... e o que todos os dias os faz ficar.

Filipa de Freitas e a família — o marido e os dois filhos — estão prestes a fazer as malas. A viagem de Portugal, onde vivem, para Bali, onde vão viver, está marcada para 25 de julho. Primeiro, Filipa explica que vão pelo sonho de viver do outro lado do mundo. E resolveram não adiar mais. “Vamos tentar lançar alguns projetos que temos andado a conceptualizar na área do turismo e na área da saúde e bem-estar”, conta, em conversa com o ECO por email. Do destino, sabem que os filhos vão estudar num colégio internacional em Canggu e “talvez, daqui a uns meses”, tenham mais novidades para contar.

Em vésperas de mudar de vida, talvez Filipa devesse falar com Sara Montes. A viver em Bali há um ano, depois de quatro entre “cá e lá”, a gestora hoteleira de 32 anos decidiu fundar a Gaya Immersions, uma empresa especializada em retreats de yoga e wellness, com uma componente de apoio a projetos locais. “Começou com uma coleção de postais da minha mãe, quando tinha 12 anos. Uma fotografia de arrozais fascinou-me e disse que ia viver ali. Acabou por acontecer. Ainda hoje guardo esse postal”, conta, em entrevista ao ECO.

A Gaya Immersions tem programas de yoga e workshops em Bali, Portugal e Brasil, e prepara-se para se lançar em novos mercados.D.R.

Quinze anos mais tarde, Sara mudou-se para Timor Leste, onde viveu três anos e, com Bali ali tão perto, aceitou o desafio de ir mensalmente à ilha da Indonésia “para conhecer a cultura e fazer yoga”. Bastaram poucas vezes para decidir mudar-se e fundar a Gaya, que já fez disseminar os produtos para países como Portugal, Brasil e outros, “na calha”.

Chegada a Bali, o primeiro desafio foi “estar sozinha num país que adorava, mas que não era o meu”. Mas não foi o único, conta. “Parecia uma tontinha no aeroporto! Estava com uma amiga que trabalhava em Timor, e que se fartou de rir. Tudo super emocional até chegarmos lá fora… calor, as estradas cheias de motas, apitos, poluição… fiquei azul, nem queria acreditar. Fui parar a uma zona — Seminyak — e vi praias de areia preta e todas sujas…quis fugir! Segui para Ubud e lá vi os arrozais e uma floresta mais densa, balineses mais sorridentes, acolhedores… gostei da sensação!”. Ficou.

Fundar pela primeira vez uma empresa repleta de boas intenções mas sem fazer ideia como ia fazê-lo, por onde começar, se ia conseguir ou como adaptar-me a esta nova cultura, foi ir ‘as cegas’ e acreditar que se conseguisse seria pura e simplesmente um golpe de sorte. E de foco, claro.

Sara Montes

Gaya Immersions

“Na cultura balinesa, fazem um ritual quatro a seis vezes por dia para agradecerem: o bom e o mau, as pessoas que conheceram ao longo do dia, a comida, a saúde… São pessoas gratas pela vida e mais felizes do que a maioria das culturas onde já estive inserida. Aprendi com eles a viver alinhada com este valor e foi o que me garantiu estar mais confortável, focada e ultrapassar qualquer obstáculo. Foi o tal ‘golpe de sorte’ que permitiu que as coisas acontecessem…”

Mas demorou muito até que se sentisse em casa. “Sou muito rápida a adaptar-me mas nunca me senti em casa em Bali nem em país nenhum por onde viajei, e já estive em 52. Quanto mais viajo, mais chego a conclusão que só me sinto verdadeiramente em casa quando estou no meu sofá em Lisboa!”.

Opinião diferente têm João Pena Garcia, 45 anos, e Rosarinho Rodrigues, 51, a viver em Bali há dois anos e meio. “Começamos a sentir esse sentimento de casa, a começar a falar lentamente indonésio, a lidar com o ritmo local. Bali está cada vez mais primeiro mundo, com shoppings e marcas internacionais que há alguns anos não existiam: até pasteis de nata ótimos já cá existem, trazidos por um português”, conta João, em conversa com o ECO por email.

Organizador de eventos, DJ e dono de uma editora, foi desafiado por Rosarinho para se mudarem para Bali quando a maquilhadora visitou a ilha há quatro anos. Só que a mudança só surgiu quando João teve um convite para ser booking manager no festival Bali Unite. A decisão, garantem, “foi a melhor que tomaram”.

João e Rosarinho mudaram-se para Bali há dois anos e meio.D.R.

“Lembro-me muito bem de as portas do avião abrirem e sentir aquele bafo a humidade e calor. De irmos com um grupo de amigos pôr as pranchas no carro e seguir para Balangan para surfar. Ver aquelas ondas perfeitas e uma paisagem de sonho”, conta João.

Para Rosarinho, em contrapartida, o que mais contou foi a cultura e povo balinês, sempre prestes a ajudar e com um sorriso na cara. Entretanto, o tempo também levou a que João e Rosarinho investissem num negócio local. São responsáveis pela Villa Mar Bali e pela Villa Paz Bali, onde hospedam turistas de todo o mundo, incluindo muitos portugueses.

Villa Paz Bali, uma das villas exploradas por João e Rosarinho na ilha.D.R.

Sítios a não perder

  • Passeio pela Green School, em Ubud
  • Praias de Bingin e Balangan
  • Estar em Bali no Silent Day/Passagem de Ano do calendário Hindu (na última lua cheia de março)
  • Subir ao Mount Batur
  • Ir às Gili, e escolher a Gili Air

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Como os locais: Bali como destino

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião