Custos de produção da Stellantis em Itália são muito elevados, avisa Carlos Tavares

  • Lusa
  • 11 Outubro 2024

"O principal problema são os custos que são demasiado elevados em Itália, 40% superiores aos custos dos nossos concorrentes”, disse o CEO da Stellantis no dia em que se soube da sua saída da empresa.

O presidente executivo da Stellantis, Carlos Tavares, afirmou esta sexta-feira que os custos de produção dos automóveis são demasiado elevados em Itália devido ao preço da energia, durante uma audição no parlamento italiano. Tavares disse, no entanto, que o grupo não quer deixar Itália.

“Temos um plano preciso, atribuímos novos produtos a todos os estabelecimentos italianos até 2030, em alguns casos até 2033, mas isso não é suficiente. O principal problema são os custos que são demasiado elevados em Itália, 40% superiores aos custos dos nossos concorrentes”, afirmou, citado pelas agências noticiosas.

“O custo da energia é muito elevado em Itália, o dobro do que em Espanha. Isto é uma enorme desvantagem, não permite defender as margens de lucro”, apontou, acrescentando que “produzir veículos que não podem ser comprados pela classe média, porque são caros, é inútil”. Nos últimos meses, aumentou a tensão entre a Stellantis e o Governo nacionalista italiano liderado por Giorgia Meloni. Roma acusa o construtor automóvel de deslocalizar a sua produção para países de baixo custo, em detrimento das fábricas italianas.

“Porque não vendemos veículos elétricos em Itália? Porque são caros. Temos de torná-los acessíveis através de incentivos e subsídios. Como? É uma decisão que vos cabe. Para apoiar a procura, é preciso ter incentivos importantes, caso contrário, não conseguimos”, afirmou.

Estas afirmações foram feitas no dia em que o construtor automóvel Stellantis anunciou que o seu presidente executivo, o português Carlos Tavares, vai sair do grupo e reformar-se em 2026. A empresa acrescentou já ter dado formalmente início à escolha de sucessor, tarefa atribuída a um comité especial do Conselho de Administração presidido por John Elkann, num processo que deverá estar concluído no quarto trimestre do próximo ano.

O grupo, que integra 14 marcas, como Peugeot, Citroën, Fiat, Dodge e Opel, anunciou um lucro recorde em 2023 de 18,6 mil milhões de euros, um aumento de 11% em termos homólogos. O seu volume de negócios aproximou-se de 190 mil milhões de euros.

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