Depois das desistências, há novas multinacionais de olho no eólico offshore português

Apesar do atraso no leilão de energia eólica offshore, e de algumas desistências, podem ainda formalizar o interesse novos promotores, que já fizeram pedidos de informação.

O presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis, Pedro Amaral Jorge, diz que o número de interessados no leilão de eólico offshore pode mudar até ao final do ano, mas não necessariamente pela negativa: além de algumas desistências, também há novas empresas de olho no procedimento português. Amaral Jorge indica que cinco multinacionais que não faziam parte da lista inicial de interessados pediram recentemente informações sobre o concurso, apesar de não terem formalizado, para já, quaisquer intenções.

Cerca de cinco multinacionais, que não foram à manifestação de interesse [para o leilão de eólico offshore], reuniram connosco para saber mais sobre o processo“, indica Pedro Amaral Jorge, presidente da APREN — Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). A maioria das reuniões decorreu até ao final de julho, embora Amaral Jorge também tenha recebido pedidos de informação em setembro.

Apesar de apenas exploratórios e sem qualquer formalização, estes contactos dão a indicação à APREN de que, “uma vez que o processo de pré-qualificação seja lançado, podem aparecer outras empresas” interessadas fora as já divulgadas. Um outro fator que facilita um novo olhar sobre o leilão é a aprovação da versão preliminar do Plano Nacional de Energia e Clima, que coloca como ambição para o país a instalação de 2 gigawatts de energia eólica offshore até 2030.

No final de 2023, registavam-se 50 empresas que manifestaram interesse em avançar com projetos de energia eólica offshore em Portugal. Em janeiro, na fase de diálogo, Pedro Amaral Jorge indica que todas estiveram presentes na discussão. Mais tarde, acabariam por se tornar públicas desistências como a da Orsted — embora a parceira Repsol se tenha mantido interessada — e da Equinor.

Amaral Jorge afirma que não tem conhecimento de mais nenhuma desistência além das que já foram tornadas públicas — o que não significa que não se verifiquem mais. No passado mês de abril, o CEO da Ocean Winds (consórcio da EDP com a Engie), Bautista Rodriguez Sanchez, afirmou que, caso o leilão português não avançasse este ano, a empresa especializada em offshore exploraria oportunidades noutras geografias.

Confrontado com a questão de se, afinal, o atraso no leilão — que estava inicialmente previsto para final de 2023 — não terá um impacto relevante no sucesso do mesmo, o líder da APREN afirma que “os atrasos, por definição, são todos prejudiciais”, e conjetura que isso pode ter influenciado as desistências.

O Governo deu a indicação, na proposta do Orçamento do Estado para 2025, de que “pretende lançar os procedimentos para a concretização de projetos eólicos offshore ainda este ano. A expectativa do presidente da APREN é que, até ao final de 2024, seja lançada a fase de pré-qualificação, na qual “vamos ter a verdadeira noção de quantas [empresas] estão agora interessadas”. E que o leilão avance de seguida.

Tiago Morais, gestor de Desenvolvimento de Eólica Flutuante em Portugal para IberBlue Wind, uma das empresas interessadas no leilão, afirma que os planos de participar e a ambição mantêm-se. No entanto, “a necessidade de ajustar os projetos em função dos planos que forem publicados é uma realidade”, ressalva. Tudo está dependente do espaço marítimo que for a leilão, e das regras pelas quais o leilão se irá guiar.

Do lado da Wavec, uma empresa que presta apoio aos promotores, tanto nas candidaturas e estratégia para o leilão como em termos de engenharia numa fase mais avançada, afirma que o cenário é ainda de interesse, da parte dos promotores com os quais tem contactado — na ordem das dezenas. No entanto, afere que o número final de interessados será abaixo dos 50, na medida em que acredita que parte das empresas estaria presente mais numa lógica de aprendizagem do que de verdadeira intenção de investimento. Assume também que os critérios que venham a ser conhecidos do leilão terão o condão de “atrair outros promotores, assim como desinteressar outros”.

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