Governo e construção antecipam concorrência espanhola no segundo concurso da Alta Velocidade

Governo e consórcio português acreditam que o segundo concurso para a linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa terá vários candidatos. Ferrovial, FCC e Sacyr apontadas como interessadas.

Depois de o concurso para a primeira Parceria Público-Privada (PPP) da linha de Alta Velocidade Porto – Lisboa ter terminado com apenas uma proposta, a expectativa do Governo e das construtoras portuguesas é que no segundo troço exista concorrência, nomeadamente do país vizinho. Ferrovial, FCC e Sacyr são candidatas prováveis.

A conceção, construção e manutenção do primeiro troço, entre a Campanhã (Porto) e Oiã (Aveiro), foi adjudicado há duas semanas ao consórcio Lusolav, que integra as construtoras Mota-Engil, Teixeira Duarte, Casais, Gabriel Couto, Alves Ribeiro e Conduril. O grupo entregou a única proposta validada pelo júri.

Para o segundo troço, entre Oiã e Soure, o Governo, a Infraestruturas de Portugal e o consórcio português esperam que exista concorrência espanhola, apurou o ECO junto de fontes ligadas ao processo.

Uma das candidatas deverá ser a Sacyr Somague, que entregou uma proposta para o primeiro troço, mas que não foi aceite pelo júri do concurso público. Segundo a Infraestruturas de Portugal, a construtora não conseguiu carregar a proposta na Plataforma de Compras Públicas, optando por entregá-la em mão, mas já fora do prazo. A expectativa é que a Sacyr volte à carga para a segunda Parceria Público-Privada (PPP), cujo concurso público decorre até janeiro.

Na corrida deverão entrar também a FCC e Ferrovial, que chegaram a ser apontadas pelo El Economista como fazendo parte de um consórcio com outras construtoras espanholas. O Expansión noticiou a semana passada que os dois grupos tinham mostrado interesse no segundo troço, citando o gestor do projeto de Alta Velocidade Lisboa – Madrid.

Menor complexidade e preço atraem candidatos

A menor complexidade de construção da segunda PPP é apontada pelas fontes contactadas pelo ECO como um fator que poderá atrair candidatos, sendo que a diferença no valor do concurso é de apenas 3,6%.

O primeiro troço, entre a Campanhã e Oiã, é considerado o mais complexo, já que inclui 11,6 km em túnel e 20,2 km em pontes e viadutos, a modernização da estação da Campanhã, a construção de uma nova estação em Vila Nova de Gaia e uma nova travessia rodoferroviária sobre o Douro. O preço base, em valor atual líquido, é de 1.661 milhões de euros e a IP aponta um investimento total 1.978 milhões.

O segundo troço, cujo concurso foi lançado em julho, incluirá apenas a adaptação da atual Estação de Coimbra às necessidades da Alta Velocidade, a quadruplicação da Linha do Norte entre Taveiro e a entrada sul da Estação de Coimbra e uma subestação de tração elétrica na zona de Coimbra. O preço base do concurso, em valor atual líquido, é de 1.604 mil milhões de euros, com a IP a referir um investimento total de 1.918 milhões.

Já garantida é a apresentação de uma proposta pelo agrupamento de construtoras portuguesas. Carlos Mota Santos, CEO da Mota-Engil e líder do consórcio Lusolav, afirmou em julho ao Jornal de Negócios que esperava “não ser discriminado no lote 2”, depois de ter garantido o primeiro. Durante a cerimónia de adjudicação, quer o primeiro-ministro quer o ministro das Infraestruturas deixaram elogios à capacidade demonstrada pela engenharia portuguesa.

A preços correntes, a IP irá pagar 4.207 milhões pela segunda PPP, ao longo de 30 anos, a que acrescem 395 milhões em despesas inerentes aos projetos, expropriações e obras. As propostas terão de ser submetidas até janeiro de 2025.

A IP aponta para janeiro de 2026 o lançamento do concurso público para a terceira e última PPP, para a construção e desenvolvimento do troço entre Soure e Carregado. Inclui a a construção de uma nova estação em Leiria e a transformação do bairro da zona da estação atual.

Quando estiver concluída, em 2032, a linha ferroviária de Alta Velocidade vai permitir viajar entre o Porto e Lisboa em 1h15, menos de metade das atuais 2h49. O custo total estimado é de 5.600 milhões de euros.

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